The Limiñanas é um projeto capitaneado por Marie (percussão e voz) e Lionel (guitarras, baixo, teclados e voz), baseado em Perpignan no sul da França, cheio de influências psicodélicas e do pós punk oitentista mas com a originalidade de combinar as distorções e melodias com os vocalizes cool no estilo de Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot, se tornando nos últimos anos uma das mais aclamadas bandas do pop rock frances.
E foi um terremoto que iniciou tudo…. já que até janeiro de 2010 Marie e Lionel levavam seu projeto musical sem muitas pretensões, mas ao presenciar o terrível terremoto no Haiti, justamente quando estavam no país finalizando a adoção de uma criança, passaram a encarar a vida e a arte de forma diferente, colocando a música como prioridade de vida, após a terrível experiência que tiveram.
Seu mais novo album ‘Shadow People’, foi produzido e gravado em Berlim nos estúdios de Anton Newcombe do The Brian Jonestown Massacre’s, e conta com participações especiais de Peter Hook (Joy Division/New Order) em “The Gift”, do ator Bertrand Belin em “Dimanche e da atriz Emmanuelle Seigner na faixa título.
A banda canta ora em frances e ora em inglês, dando um charme extra às canções, que conseguem soar punks e singelas ao mesmo tempo, sempre em climas oníricos que soam como uma grande trilha sonora de um filme inexistente, criando diversos momentos trancedentais em “Shadow People“.
O som é incrívelmente viciante, com passagens em que lembram bandas seminais como Velvet Underground, Nick Cave, The Cramps ou Joy Division, mas que ao mesmo tempo bebem na fonte de Enio Morricone e do pop sensual produzido na França e na Itália nos anos 60 e 70.
Seguem minhas impressões faixa por faixa de Shadown People com os Limiñanas
Ouverture – Clima hipnótico – baixão bem 80’s com guitarras quase ♂ surf, bem viajandona e instrumental, mas cheia de sutilezas orientais num super crescendo.
Le Premier Jour – Aquele clima da velha sala especial, primeiro jorro, sim vai ter sexo. Climão !! Uma das melhores do álbum.
Sleep – tem Anton Newcomb nos vocais em inglês, num rock downtempo daqueles que as bandas indies dariam um dedinho para compor. Parece fácil pros Limiñanas.
Shadow People – Parece que estamos nos anos 90, pois a levada pop rock perfeita de toda da canção é mais britpop que qualquer álbum pós Oasis dos Gallagher e mesmo de Blur e cia ilimitada. Destaque para os super vocais em inglês de Emmanuelle Seigner.
Dimanche – Single fantástico, futurista e magnético, com vocais de fundo inspirados e a voz cavernosa de Bertrand Bellin dando clima noir rock de cabaré que domina a canção. Das preferidas 😉
The Gift – com Mr.Peter Hook contribuindo em perfeita linha de baixo pulsante. Daquelas de primeira que o New Order tinha com ele na formação. Ho No No No … Ho No No No … Ho No No No ! Hit de verão de 2018 na certa por aqui no blog !
Motorizatti Marie – Teclados frenéticos em batidas tribais hipnóticas como em todo disco. Parece mesmo uma perseguição de lambreta nas ruas de uma vila no sul da Itália, que viagem, queria estar na garupa e com o vento na cara, sem capacete, só com a coragem e os santos pra me proteger.
Pink Flamingos – Parece mais som de caixinha de música de sonho psicodélico, um Pink Floyd de Syd Barrett, prestes a enlouquecer. Freak Out ! Estou no mundo dos Flamingos Rosas, sonho ou pesadelo ?!
Trois Banc – Clima de pop francês clássico, vocais sussurrados e a volta do baixão oitentista marcante que conduz a viagens num mar de guitarras que gritam ao fundo. Meu tipo de som, principalmente na hora dos latidos. Vem Lobo, vem 😉
De la part des copains – Eu respeito todo álbum de rock que termina assim, numa levada que parece eterna e instrumental soturno, que é interrompido por uma melodia quase medieval, entre sinos e clarins, sei lá… mas a elétrica canção vale o álbum.
Que o estranho La Limiñanas conquiste o mundo, aqui no blog vamos dar todo apoio 😉