No último fim de semana de Set/17, rolou em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, a 5a.Edição do Festival da Rua Pra Rua, que congregou diferentes tribos numa grande feira cultural, com shows e debates.
O evento foi organizado por diversos coletivos, que se empenharam em mostrar diferentes estilos e vertentes, sempre com a independência e qualidade artística como diferenciais.No Sábado o blog acompanhou de perto a palestra e bate papo com o rapper e agitador cultural GOG, que com décadas de vivência é um exemplo vivo de atitude e força na divulgação do RAP e da Cultura Periférica, sendo um dos artistas underground brasileiros que melhor se articula nos meios digitais atuais.[red_box]GOG além de falar da Cultura do Oprimido e nos lembrar da importância de Paulo Freire como parâmetro para a educação no Brasil e no mundo, provocou a platéia a participar, o que aconteceu tanto com perguntas da audiência, como com a intervenção de jovens da região que aproveitaram a oportunidade para expor suas idéias e rimas cheias de atitude e inocência, criando um clima perfeito para a troca de idéias.[/red_box]Na parte musical, além de um pocket show do próprio GOG, tivemos uma apresentação rápida dos alagoanos do Tequilla Bomb, que mostraram muita atitude e musicalidade, no seu mix de música eletrônica e reggae, com temperos 100% nordestinos.
Foi um ótimo início de Festival, que no Domingo seria bem intenso, com mais de 50 atrações musicais programadas para a Praça Giovani Breda, também em São Bernardo.
Ao chegar no local num super domingão de sol, os shows já estavam rolando, com 4 tendas musicais dedicadas para diferentes estilos musicais, um palco principal aberto a todos gêneros, e barracas de comidas e bebidas, num verdadeiro Lollapalooza da música alternativa, que se estendeu até quase às 22 horas.
A praça foi uma escolha perfeita, pois suportou toda flutuação de público do evento, sem prejudicar a diversão da comunidade, que continuou se divertindo com atividades esportivas como o Skate e Futebol, ajudando a criar o clima de paz e celebração cultural que junto às mensagens de resistência e de denúncia ao sistema, deram a tom do festival.O blog Vi Shows, se desdobrou entre todos os palco e estilos, tentando registrar e interagir com a maior quantidade possível de artistas, e seguramente perdemos muita coisa legal… seguem nossos destaques !!
Logo de cara assisti o hardcore politizado do ACB(Acabando com o Brasil), que mandou muito bem no palco principal e elevou a temperatura do festival. Confiram os caras ao vivo e a entrevista com a banda na sequencia.
#ANTIFAS
Nessa hora estava um super calor, mas a infra do evento estava perfeita, com a galera chegando e interagindo com o espaço e descobrindo os palcos, como o Overdrive onde o Desacato Civil mandava petardos do mais puro hardcore !
Mas nem tudo era Rock, de lá ainda consegui conferir o final da apresentação do Punk Raça Reggae, que mostrava bem a diversidade do evento.
Apesar da mudança de estilo, a luta contra o sistema e o “Faça Você Mesmo (D.I.Y.)” continuavam na ordem do dia.
Músicas Libertárias !! #IRIE
Sem perder tempo entre os palcos, me deparei com Hip Hop do pessoal do Força Coletiva, que além de nos presentear com o registro do finzinho da apresentação cheia de mensagens positivas, deram um Salve para nossa audiência quando apresentaram o grupo.
MENSAGENS POSITIVAS E CONSCIENTIZAÇÃO – FORÇA COLETIVA SP
O calor só crescia e o Domingão estava perfeito, nem me lembrava do tal Rock in Rio que tinha nesse fim de semana seus shows de encerramento, até porque a música de verdade e com a devida integridade estava rolando no ABC e não no Rio de Janeiro, que celebrava o passado de bandas que outrora foram Top, mas que atualmente tocam por grana e para um público que acredita que Festival e Shopping Center combinam bem… 🙂
Empolgado com o clima do Da Rua Pra Rua, voltei ao palco Overdrive a tempo de acompanhar o Punk de raiz da banda Disritmia, que desde 1987 representam bem o estilo e que tocavam literalmente em casa !!
Do Punk tradicional, fomos para o palco principal conferir o Crossover Trash Metal e Hardcore Punk do power trio Cranial Crusher, que mandou bem em apresentação energética e nos deu rápida entrevista sobre a banda e o evento.
Inteligência Antifascista no Metal !! Boa Notícia !!
O legal do Festival era que sempre que um show no palco principal acabava, nos palcos secundários diversas apresentações começavam, e nossa cobertura não parava nem um segundo, dando tempo de ver o RAP do Sr.Gallo, que usou até bem sacadas bases do mestre Raul Seixas.
Sem descanso voltamos ao Rock com a banda Braincrusher de Rio Claro no interior de São Paulo, que veio desfalcada do baixista e vocalista, mas que com muita garra e inspiração conquistaram a galera com seu som direto e reto, que como a própria banda fala abaixo busca lutar pela liberdade e denunciar o fascismo que nos assombra no Brasil e em todo planeta.
[green_box]Foi um dos pontos altos do festival !![/green_box]
Emocionante ver a dedicação da banda e a inspiração política do Braincrusher
E assim esse escriba foi ficando empolgado, se esquecendo de comer e se hidratar, indo direto de uma apresentação para a outra, confundindo a pressão baixa e fome com emoção, afinal para onde se olhava tinha um show diferente, e fora que o público era bem diverso, com punks dos 60 aos 02 anos de idade, curtindo com skatistas, rappers, curiosos, tiozões e membros de todos coletivos que organizaram a festa …e que não paravam, ajudando a viabilizar a parada toda, verdadeiros heróis do underground.
Antes de dar uma parada obrigatória, curti o show da dupla As Lavadeiras, que entre eletronices e tambores, acrescentaram muita musicalidade, conscientização e mensagens feministas ao Hip Hop.
Foi outra grata surpresa do encontro. Guardem bem esse grupo, trabalham bem as rimas e usam ritmos regionais com inteligência.
As Lavadeiras por elas mesmas… com a palavra !
O show das minas foi tão fodaśtico que decidi me hidratar com um chopp numa das barraquinhas, e devidamente “alimentado” fui atraído pelas guitarras nervosas e MUITO bem sacadas da banda Lettal, que fazem um hardcore do século 21, e que foi responsável pela primeira roda de pogo orgânica do Da Rua Pra Rua 2017 ao som de “…a democracia está sepultada…” !! Confiram !!
Gepeto mandou BEM e ainda deu essa entrevista pro blog !!
Hora de uma parada técnica, até porque ali mesmo na praça existia um par de banheiros químicos que aguentaram bem o tranco… mas alí pertinho da fila, rolava uma apresentação legal no palco DJ MC, e pude ouvir bem a super fluência de outro cara que promete, o rapper Niko Souza, confiram um trechinho da apresentação e entendam o que estou falando…
Não consegui falar com Niko mas mando um salve e parabéns pela apresentação !!
Já com o Alto Nível de Insanidade, foi justamente o contrário, conferi o super show da banda de São Bernardo bem empolgado, registrando várias fotos legais, só que acabei não filmando com a qualidade devida a performance da banda… mas conversei com a vocalista Nayra sobre o grupo e o Festival !!
Já precisando de uma parada para almoçar passei novamente pelo palco do Hip Hop a tempo de ver uma parte da apresentação Caroline Souto, ou melhor, Souto MC, com rimas que mostram muita articulação e personalidade.
Adorei o lema “Flow, Engajamento e Resistência” – Vale acompanhar de perto o belo trampo da MC aqui de Sampa City.
Na volta… era hora de ver um dos sons preferidos do Vi Shows… momento de curtir o Asfixia Social, que jogava em casa, mas ao mesmo tempo co-organizava toda parada do Da Rua Pra, afinal o próprio nome do evento tem tudo a ver com a banda, como o vocalista Kaneda nos explica na entrevista que deu com o batera Rodrigo após o show.
O show do Asfixia Social , que aproveitou o evento para comemorar os 10 anos de carreira, foi muito intenso e apesar de relativamente curto, deixou o público empolgado, mantendo alta a temperatura do festival.
Deu pra notar a imensa satisfação da banda em tocar no evento, destacando a maior coesão do grupo e a força das canções ao vivo.
Confiram os petardos “Máximo Respeito” e “Quem Sobra”.
Asfixia Social – Sistema de Soma
Tenho acompanhado de perto os caras ao vivo, e nesse show a coesão da banda foi impressionante, dando maior organicidade ao super crossover do Asfixia Social.
Nesse momento, já escurecendo, o Da Rua Pra Rua foi ficando lotado, e a presença de diversos moicanos na galera denunciava que os veteranos DZK, lendas do punk rock do ABC, estavam na área.
Sem dúvida, foi um dos momentos mais intensos… , os caras entraram com uma energia contagiante e com o público na mão, não deram descanso nenhum entre os sons.
A pista estava insana, prestes a explodir a qualquer momento, mas no final todos interagiram e curtiram na paz, com a performance crescendo a ponto de não existir clara diferença entre banda e público, que dividiram palco e microfones em verdadeira comunhão roqueira.
Show histórico + Entrevista com o grande Barata do DZK #PunkRaiz
Foi quente o show !! Eletricidade no ar !! E na sequencia nada como um power trio feminino bem nervoso, hora de agitar com o o Ódio Mensal.
As garotas mandaram realmente bem, com uma sequencia matadora de sons na melhor tradição RiotGrrrl , confirmando que as mulheres estavam mesmo com tudo nesse Da Rua Pra Rua… que banda foda !! Se acha que estou exagerando vejam nosso registro exclusivo 🙂
Punk Hardcore do Ódio Mensal por elas mesmas !
[red_box]E ainda tinha muito mais !! [/red_box]
Os caras do Tequilla Bomb voltaram com tudo no domingão e de cara mostraram o slogam mais foda que já ouvi para um grupo… “Sistema de Som de Denúncia e de Elevação Espiritual “ !!
Sensacional ! O Trio literalmente toca fogo na hipocrisia !!
Saquem a proposta do Tequilla Bomb nessa entrevista para o Vi Shows que fizemos na abertura do evento
Pois então… a invasão das Alagoas estava só começando, chegou na área o Favela Soul, que se juntou ao Tequilla Bomb em super performance, que registramos ao vivo no Instagram do Vi Shows !!
A banda deu um super show, com doses de rock mas com cara de Brasil, numa interessante linha evolutiva pós manguebit, e que com o reforço dos beats eletrônicos do Tequilla ficou ainda mais interessante… curti as guitarras, vocais e letras da banda… ou seja, mais uma para acompanhar de perto após o Da Rua Pra Rua 2017.
Foi quando resolvi fugir do rock, afinal saquei uma movimentação com cara de baile black lá do outro lado da praça, momento perfeito para curtir o balanço do Made in Favela, que manda uma black music inspirada e renovada, não se limitando a emular o balanço dos 70’s ou o hiphop com pegada soul, fazendo uma leitura inteligente do RAP, armados de palavras de luta e conscientização.
Fiquei tão feliz com o Made in Favela, em especial pelas bens sacadas rimas e voz inspirada e cheia de ginga da cantora Karine Ticianeli, que decidi guardar todo “equipamento” e dar um último rolê no evento, sem “trabalhar”, afinal eu também merecia… mas antes registrei a força da banda ao vivo.
Fiquei até o início do grande mestre GOG, que abriu e encerrou o evento, mostrando a todos que a resistência e a inteligência quando se juntam criam algo poderoso e essencial nessa época atual !