A estréia de Jeff Buckley com o disco Grace, é na realidade seu único álbum propriamente dito, e até então o artista era praticamente desconhecido, mas com ele se criou o mito, com uma peculiar história iniciada muitos anos antes e que com o passar dos anos vem se tornando ainda mais relevante.
Eu comprei o álbum em 1994 logo após seu lançamento, então de certa forma acompanhei de perto a evolução de todas histórias que envolvem Grace, e garanto que existem mais lendas do que verdades por aí, mas a versão definitiva, ou pelo menos a mais fiel é a que acabou ganhando mesmo força em recentes documentários e inúmeros livros.
A música estava no DNA de Jeff, tanto pela mãe que era violonista e pianista com estudos clássicos, quanto do seu pai Tim Buckley,que ironicamente também faleceu jovem, interrompendo outra promissora carreira musical na virada no meio dos anos 70.
Na primeira infância herdou uma guitarra acústica da sua avó, aos treze anos escreveu a sua primeira canção e com 17 anos, saiu de casa e fez parte de diversas bandas de rock e reggae em Los Angeles na tentativa de se manter e conseguir se formar na música, até se mudar para Nova Iorque, onde definiu a sua identidade musical no circuito de pubs e teatros como o Sin-é em East Village, lugar em que chamou a atenção e iniciou sua ascenção meteórica, registrada no EP Live at Sin-é.
Grace de 1994 é marcado pelo encontro de Jeff Buckley com Gary Lucas (ex-guitarrista do Captain Beefheart), que resultou na composição de duas das mais reconhecidas canções do disco “Mojo Pin” e a homônima “Grace”.
O encontro surgiu quando o produtor Hal Willner os colocou juntos num tributo a Tim Buckley na St. Ann’s Church em Brooklyn em 1991, trabalhando numa versão de “The King’s Chain” do álbum Sefronia, de Tim Buckley.
O resultado foi tão positivo que Gary Lucas convidou Jeff Buckley para sua banda – Gods and Monsters , que rendeu cerca de uma dúzia de canções (muitas delas do álbum Songs to No One 1991-1992).
As sessões começaram com Jeff gravando tudo sozinho, em takes de “Hallelujah”, de Leonard Cohen, e de “Corpus Christi Carol”.
Somente depois, a banda de Jeff Buckley entrou em cena, o grupo se formou com o baixista Mick Grøndahl, o baterista Matt Johnson e o guitarrista Michael Tighe.
Entre 1995 e 1996 Jeff Buckley começou a ser mais reconhecido, gerando enorme expectativas em torno do segundo álbum.
Até que num fim de tarde em 29-Maio-1997 ele decidiu mergulhar em Wolf River Harbor (um canal do Rio Mississippi), enquanto tocava Whole Lotta Love (Led Zeppelin), e após mergulhar desapareceu, sendo encontrado somente alguns dias mais tarde.
As investigações não mostraram sinais de drogas ou álcool no corpo, caracterizando sua morte como um acidente por afogamento.
No mesmo dia de sua morte sua banda estava voando para Memphis para juntar-se ao músico e trabalhar no que seria seu novo álbum, após terem jogado no lixo as canções de um possível segundo disco e os esboços que mais tarde seriam editados em Sketches for My Sweetheart the Drunk.
Apesar do seu fim precoce, a obra de Jeff Buckley parece hoje ainda mais viva do que na época, e suas canções continuam a provocar mistério e fascínio nas novas gerações.
Confiram a Discografia Jeff Buckley
- Original
- Grace (1994)
- Póstumos
- Sketches for My Sweetheart the Drunk (1998)
- Songs to No One 1991–1992 (2002)
- So Real: Songs from Jeff Buckley (2007)
- The Jeff Buckley Collection (2010)
- You and I (2016)
O cover que Jeff Buckley fez da música “Just Like a Woman” de Bob Dylan, e está presente no álbum recente “You and I”, ganhou um videoclipe muito maneiro, que possibilita o controle do destino dos personagens quando você interage.
Selecionamos 10 canções imperdíveis de Jeff Buckley para ouvir sempre e mergulhar na musicalidade do artista.
De fato “uma gota cristalina nesse oceano de ruídos”. 👏👏👏👏