Confiram os melhores álbuns de 2016, o Top10 de um ano que teve destaques positivos em todas frentes do Rock e Pop Rock, nossa lista foi resultado da audição de mais de 50 discos, e garanto que não foi fácil, mas após dezenas de idas e vindas, com direito a revisão de paradigmas e preconceitos, chegamos à lista definitiva de sons do ano.
Saber quais foram os melhores álbuns de 2016, é uma tradição anual para todos adeptos da música no planeta. E 2016 foi mesmo um ano daqueles… com artistas seminais como David Bowie, Prince, Leonard Cohen, Keith Emerson (EL&P), Leon Russel entre muitos outros nos deixando órfãos de grandes ícones do rock e pop rock.
A tal crise também esteve presente, e apesar de vários shows e festivais incríveis, muita coisa deixou de vir para o Brasil, que perdeu apresentações de artistas como Pet Shop Boys, Flaming Lips, Iggy Pop, PIL e Primal Scream que tocaram em nossos vizinhos sem aportar por aqui.
Mas não podemos reclamar de 2016 no quesito “discos do ano”, pois pintou muita coisa legal em todos estilos musicais e cantos do planeta, mostrando artistas inspirados e que retrataram bem com sua arte o espírito atual dos tempos.
Ficaram no “quase” bandas consagradas como Radiohead (A Moon Shaped Pool), Suede (Night Thoughts), Wilco (Schmilco), Metallica (Hardwired… to Self-Destruct), The Kills (Ash & Ice), Kings of Leon (Waste a moment) e Red Hot Chili Peppers (The Getaway), bem como novatos como o Fumaça Preta (Impuros Fanáticos), Liniker e os Caramelows (Remonta) e os teens do Pretty Vicious.
Alguns lançamentos de 2016 não entraram na lista por critérios do editor, como os Rolling Stones que lançou agora em Dez/16 o ótimo Blue & Lonesome, mas como é um trabalho somente de covers foi descartado, assim como compilações e álbuns ao vivo, o que tirou as chances por exemplo de Kate Bush no ótimo Before the Dawn.
Tambem desconsideramos artistas que lançaram grandes singles como os Stone Roses, que apareceram com as inéditas “All for One” e “Beautiful Thing“, ou os The Strokes que com um ótimo EP mataram a saudade dos fãs mas ficaram de fora do Top10.
E por último uma menção mais do que honrosa para David Bowie, o camaleão lançou Blackstar coroando sua passagem da vida para a eternidade em forma de música, mas apesar do álbum ser genial, fica de fora somente para privilegiarmos outros artistas, em especial novatos de destaque em nosso top10. Acho que Bowie gostaria da decisão 😉
[gray_box]Então vamos nessa !! Melhores álbuns de 2016 !![/gray_box]#10 – Fat White Family – Songs for Our Mothers
Os roqueiros do sul de Londres chegam ao segundo trabalho de inéditas ainda apostando na provocação, e são bons nisso, com ótimos títulos de canções como Goodbye Goebbels, Whitest Boy on the Beach, Duce, We Must Learn to Rise e When Shipman Decides, os Fat White Family entregam o prometido, numa mistura onde o rock e as eletronices retrôs com cara de anos 70 mostram um caminho perfeito a ser trilhado.
Ainda não sei se o niilismo da banda é mesmo real ou parte de uma estratégia de marketing, mas ao me concentrar apenas na música dos caras é inegável reconhecer que o Fat White Family consegue colocar sua fusão roqueira nas mais diversas pistas de dança, sepre com potencial para agradar as mais diversas tribos.
A imagem e inspiração junkie também é evidente, e por enquanto ainda não cobrou o preço de seus integrantes, que garantem que o trabalho é um retrato do mundo atual… um convite, enviado pela miséria , para dançar ao ritmo de ódio humano.
#9 – Céu – Tropix
A cantora e compositora Céu em seu quarto trabalho do – Tropix (2016), comprova que está no melhor momento de sua carreira, chegando ao mercado justamente quando seu mix de sonoridades globais e regionais encontrou ressonância junto a um público jovem e ansioso por um artista prá chamar de seu… mas no lugar de repetir a fórmula bem sucedida em Caravana Sereia Bloom (2012), a paulistana resolveu inovar e optou por uma abordagem mais cadenciada e minimalista, cheia de inteligentes intervenções eletrônicas.
Navegar em novos territórios musicais a colocou numa posição privilegiada, e mostra que a Céu ainda tem muita lenha para queimar, dando razão a todos que a colocam numa posição de destaque entre os performers da sua geração.
O álbum teve luxuosa produção de Pupillo (baterista do Nação Zumbi) e do francês Hervé Salters, com destaque para a qualidade de composições como “Perfume do Invisível” , “Amor Pixelado” e “Varanda Suspensa” da lavra da própria Céu, além de “Chico Buarque Song” dos alternativos oitentistas do Fellini e “A Nave Vai” de Jorge dü Peixe.
#8 – Savages – Adore Life
As Savages chegam ao seu segundo trabalho esbanjando força e lirismo, garantindo a alegria dos adeptos que logo de cara identificaram a evolução das garotas, que se mostram mais pesadas e eu inventivas em “Adore Life“.
O álbum foi gravado no RAK Studios em Londres com produção esmerada de Johnny Hostile, que soube se situar no balanço entre o lado noise e melódico da banda, que manteve a formação original com Ayşe Hassan(baixo), Fay Milton (bateria), Gemma Thompson (guitarras) e a fascinante Jehnny Beth (vocais e letras).
Com sons como Answer, Sad Person, Adore, When In Love e T.I.W.Y.G. as Savages garantem seu lugar no top 10 de 2016.
Se você não ouviu ainda, caia com tudo na discografia da banda e confira os destaques do trabalho em nossa playlist.
#7 – PJ Harvey – The Hope Six Demolition Project
Esse disco da cantora, produtora e poetiza PJ Harvey talvez seja um dos mais “difíceis” já compostos pela britânica, mas começa solar e quase singelo com a canção Community of Hope, faixa emblemática e que mostra a dura realidade das periferias norte americanas.
A partir da canção, a dor, o sofrimento e a luta das “comunidades” em se manterem na luta por direitos civis e melhores condições segue dando o norte do trabalho, se destacando as sonzeiras de The Ministry Of Defence, The Orange Monkey, Medicinals, The Ministry Of Social Affairs, e claro a minha preferida The Wheel.
PJ se impõem em todo disco pela forma reta e crua que descreve a realidade desoladora de milhões de norte americanos, dando um tapa na cara de toda bobagem meritocrática de quem adoraria viver numa bolha longe de gente problemática e desajustada.
#6 – Primal Scream – Chaosmosis
Em Chaosmosis o Primal Scream faz todo mundo dançar e se mantém relevante em mais uma encarnação, já numa fase onde a maioria das bandas de rock querem somente reviver o passado. Mas isso não parece fazer parte dos planos de Bobby Gillespie, desde sempre vocalista e líder do Primal Scream.
No álbum conseguem ser a banda de sempre mas se apresentar mergulhados numa pegada pop e synthpop bem conectada às tendências atuais, com participações especiais de Sky Ferreira, na dançante “Where the light gets in”, e do Haim nas ótimas “Trippin´on your Love” e “100% or nothing”.
No álbum além das parcerias de destaque vale lembrar de “Feeling Like a Demon Again”, “Golden Rope” e em especial da quase krautrock “Carnival of Fools”, bem adequada aos nossos dias, e que se não é a melhor é na certa a mais divertida do inspirado Chaosmosis, marcando mais uma década de viagens musicais dos caras.
#5 – Blues Pills – Lady in Gold
Nesse ano o quarteto Blues Pills composto por Elin Larsson (Voz), Dorian Sorriaux (Guitarras), Zack Anderson (Baixo) e André Kvarnström (Bateria), chegoua um novo status como banda, atingindo novas audiências sem perder a alma bluseira, com o elogiado álbum Lady in Gold, segundo trabalho de inéditas dos caras.
Elin Larsson disse em diversas entrevistas que o título “Lady in Gold” representa um personagem feminino da morte, e que brincando com esse ícone resolveram explicitar o conceito no vídeo da canção título.
Com o novo trabalho os Blues Pills se firmam como uma das bandas mais instigantes da atualidade, seja nos rockões de Lady In Gold, Bad Talkers, Little Boy Preacher e Burned Out ou em clima de balada como na surpreendente I Felt A Change.
#4 – Sunflower Bean – Human Ceremony
Como o álbum de estréia Human Ceremony (2016) deixa claro logo na primeira audição, o Sunflower Bean é uma banda muito interessante, com uma ótima pegada em releitura póspunk e new wave, mas cheia de personalidade.
Originais do brooklin novaiorquino, surgiram em 2013 e são formados por Jacob Faber (bateria), Julia Cumming (baixo e voz) e Nick Kivlen (guitarras e voz).
Como banda se garantem muito além de qualquer hype, e além do brilhante disco de estréia lançaram também um EP de covers, com sons dos The Modern Lovers, Neil Young, Spiritualized e T-Rex, mas é mesmo em Human Ceremony que mostram serviço, em especial com sonzeiras como o single “Easier Said”, “Wall Watcher” e “Space Exploration Disaster”… preferidíssimas aqui do Blog.
O Sunflower Bean é uma banda ótima e que já no primeiro trabalho conquistou meio planeta.
#3 – The Last Shadow Puppets – “Everything You´ve Come to Expect”
Os britânicos do The Last Shadow Puppets apresentaram em 2016 o álbum “Everything You´ve Come to Expect” garantindo espaço na cena com um dos mais brilhantes compilados de canções roqueiras da atualidade, bem naquele estilo meio glam, meio poprock em alta rotação, e que se começou como um projeto paralelo de Alex Turner (Arctic Monkeys) e Miles Kane (ex-The Rascals), mas que parece estar ganhando espaço na agenda musical de ambos.
Se destacaram no ano também com super singles e vídeos, afinal quem não curtiu a levada dos caras em “Miracle Aligner”, “Bad Habits” e “Everything You’ve Come To Expect”, todas nas principais listas de sons do ano de 2016.
O lado exagerado com influências de Ennio Morricone , apesar de pouco usual, ajudou a dar uma sonoridade própria e até mesmo romântica ao álbum, mas no final são as ótimas composições que garantem todo destaque para os Last Shadow Puppets em 2016.
#2 – The Avalanches – Wildflower
Com Wildflower (2016) os australianos The Avalanches garantiram espaço com um dos mais inspirados e dançantes trabalhos dos últimos anos, mostrando que além da super sonoridade calcada na black music da virada dos 60´s para os 70´s, tem criatividade de sobra para se expressar arranjos e misturas marcantes.
Os vídeos também são geniais, já haviam lançado o divertidíssimo e apocalíptico “Frankie Sinatra”, mas com o single “Because I’m Me” o combo liderado por Robbie Chater e Tony Di Blasi, atingiu um novo patamar criativo.
Destaque para o sensacional sampler de “Why can´t I get it too”, essêncial faixa de 1959 dos Six Boys, considerado por muitos o verdadeiro proto-rap, e pela intervenção precisa de Sonny Cheeba da dupla de hip hop Camp Lo.
O álbum é o primeiro trabalho do grupo desde Since I Left You (2000), mas a espera pelo visto valeu mesmo a pena, já que “Wildflower” em seus mais de 60 minutos de audição nos pega pela inteligência e balanço black sem igual nos dias atuais.
O resto do disco é costurado por muitas canções climáticas, mas que não deixam a pista esfriar, se destacando Subways, Colours e The Noisy Eater.
#1 – Iggy Pop – Post Pop Depression
“Post Pop Depression” álbum do menestrel punk Iggy Pop é intenso, fruto de inspirada parceria com Josh Homme, líder do Queens of the Stone Age e uma das figuras mais importantes para o rock atual,e que além de co-autor das canções, formou banda sensacional que garantiu super pegada roqueira em todo disco.
Como não amar o romantismo de “Gardenia“, o super riff de “Sunday“, a angústia nostálgica de “German Days“, a sensualidade niilista de “Chocolate Drops” e a estranheza industrial de “Paraguay“.
Fato é que Post Pop Depression entra no topo da discografia de Iggy Pop, situado entre trabalhos como “The Stooges” (1969),”Fun House” (1970), “RawPower” (1973), “The Idiot” (1977) e “Brick by Brick” (1990), o que claramente não é pouco em meio a tantos hits e clássicos que marcaram o rock para sempre.
O clima seco e denso é uma presença clara em todo álbum, e claro que Iggy não deixou de aproveitar bem a parceria com Josh, apresentando nesse trabalho suas melhores canções em anos, surpreendendo pela vitalidade, incisividade e crueza áspera na performance vocal de cada novo som.
Um álbum para ser ouvido milhares de vezes 🙂
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Com Elza Soares – Prá Fuder, Céu – Chico Buarque Song, Metá Metá – Imagem do Amor, Tatá Aeroplano – Step Psicodélico, Blitz – Estrangeiro Aventureiro, Mano Brown- Gangsta Boogie, Sabotage e Instituto – Canão Foi Tão Bom, Mescalines – Serpente de Bronze, Selvagens à procura da Lei – Tarde Livre, Mahmundi – Hit
TOP 10 Canções Internacionais de 2016 – Playlist Top 10 Rock e Pop Rock Internacional
Com The Strokes, The Strokes – Threat of Joy, Radiohead – Burn the Witch, Primal Scream – I Can Change, Stone Roses – All for One, Rolling Stones – Commit a Crime, The Avalanches – Because I´m Me, Iggy Pop – Sunday, Metallica – Murder One, The Blues Pills – Lady in Gold, David Bowie – ´Tis a Pity She was a Whore