Agora que Prince, o mais talentoso artista pop das últimas 4 décadas faleceu, todos sites, blogs, revistas, rádios e canais de TV vão homenageá-lo e encher os fãs com todos lugares comuns possíveis.
Já a nossa homenagem será muito mais autêntica, afinal sobre Prince esse blogueiro realmente tem uma história para contar… vamos a ela então… 🙂
O ano era 1991 e recém saído da adolecência, estava eu no Rio de Janeiro com amigos para ver de perto a segunda edição do Rock in Rio, que trouxe numa época em que raramente grandes tours passavam pelo Brasil, artistas do calibre de Prince, Joe Cocker, Carlos Santana, Guns N´Roses, Faith no More, Megadeath, Judas Priest, A-Ha, George Michael, Dee Lite, Happy Mondays, Lisa Standfield e muito mais.
Quem viu quase todo festival como eu, ficou seguramente com 2 concertos na mente, o Faith no More que na noite do primeiro sábado “roubou o show” do combo de Axl Rose e Slash, e o norte americano Prince Roger Nelson, maior talento pop dos anos 80 e que se apresentou em 2 noites no festival.
Na época eu já tinha uns 4 discos de Prince (Purple Rain, Parade, Lovesexy e Sign o’ the Times) e apesar do meu gosto pelo rock mais alternativo, tinha o cara como um gênio pop sem igual, vencedor do Oscar pelo seu filme Purple Rain, compositor da trilha sonora de Batman (1989) e uma figura e personalidade tão excêntrica quanto brilhante como compositor.
[blue_box]Autor de hits diversos para ele mesmo e artistas como The Bangles, Sinead O´Connor, Chaka Khan, The Time, Madonna, Sheena Easton, Cyndi Lauper, The Time, Stevie Nicks…[/blue_box]Na sexta feira, Prince fechou a noite após uma sequência de concertos com Jimmy Cliff, Colin Hay (Men at Work) e Joe Cocker. E com uma hora de atraso o baixinho entrou no palco e jogou 2 pandeiros personalizados para o pessoal das primeiras fileiras… e me lembro como se fosse ontem… falei para meus amigos que “…na Quarta iríamos ficar bem pertinho e que eu iria pegar um pandeiro desses e levar para casa.”
Eles falaram, vamos tentar sim… mostrando que na vida não custa nada mesmo acreditar nas coisas.
O show foi mesmo histórico, canções do Batman, Purple Rain, tudo com uma super banda e com Prince dançando e exigindo o máximo de si mesmo e do público. Dançou, solou com a guitarra, flertou com as garotas, tocou todos hits e pediu Paz e o fim da Guerra no Iraque, dizendo-se um pacifista acima de tudo.
Foi mágico, mas era somente o início da história… já que na Quarta após apresentação do grande Carlos Santana, fui chegando cada vez mais perto do palco… e como se fosse tudo combinado, quando o show começou eu o vi entrando com o pandeiro personalizado nas mãos e em poucos segundos o instrumento foi direto mesmo para os meus braços… inacreditável, afinal eram mais de 50.000 pessoas presentes, mas na mesma hora, outros fãs, seguranças do festival e outros malucos tentavam roubá-lo de mim.
Não soltei, mas confesso que sem meus amigos Rico e Rizzieri jamais teria voltado com o souvenir para casa, onde está muito bem guardado juntinho com meus discos de vinil.
Quando já parecia que ele seria meu, encostou uma bonita argentina que cheia de charme queria me convencer que era mais fã que eu, e que merecia mais a lembrança… chegou a oferecer US$ 500,00 que seriam pagos logo após o show, mas falei na hora… O PANDEIRO É MEU !!
De lá para cá se passaram mais de 25 anos, contei centenas de vezes essa história, me mudei de casa várias vezes, mas o “Pandeiro do Prince” nunca foi esquecido ou guardado numa gaveta empoeirada. Ficou lá em destaque como faria qualquer outro autêntico fã do gênio de Minneapolis.
Foi mesmo uma dia inesquecível, e hoje tanto tempo depois num momento triste com a partida do músico desse planeta, choro como criança mas com essa linda história de fã para contar!
O cara foi um artista revolucionário, grande músico, compositor, letrista, dançarino, performer, um guitarrista fenomenal, mas o mais importante sempre autêntico e cheio de personalidade. Um talento único e sem limites!
Obrigado, Prince, por sempre ter sido uma grande inspiração tanto pela música, quanto pela atitude de quem tem fé no prório talento e idéias.
Vídeos de Prince no Brasil na íntegra (por enquanto…)
Cara, incrível tua história, ainda mais por um motivo…eu estava lá, como grande fã do Prince, e estava exatamente do teu lado quando o fato ocorreu, me lembro perfeitamente de um segurança tentando pegar e depois te convencer a entregar pra ele. Eu confesso que fiquei morrendo de inveja, mas hoje ao ler tua história, relembrei esse momento ímpar, que foi ver o gênio de perto e vivenciar verdadeiros fãs de Prince todos juntos, o que jamais vai acontecer de novo…Parabéns, bela história!!!
Incrivel, morava no Rio de Janeiro nessa época, trabalhava no Banco Bamerindus da Av. Brasil, ao lado do Supermercado Disco!!!!Era Caixa e não parava de ver as horas, queria que o Banco fechasse logo, pois era minha change de ver o baixinho ao vivo, acompanhava seu som desde os 14 anos, tipo 1984, na época do Rock in Rio tinha 20 anos. Peguei a linha 630, desci perto do Maracanã e fui caminhando sozinho, meus amigos não gostavam de Prince, por causa da sua aparência estranha.Cheguei cedo, fui lá pra frente e enfrentei todos os Shows, até chegar a grande hora. Foi inesquecível, valeu apena esperar, estava nas proximidades desse acontecimento, na espera de ser sorteado. No segundo Show,na minha opinião melhor que o primeiro e não foi gravado, um pandeiro desse caiu ao meu lado, o cara que pegou se agachou em forma de concha e já era,tinha conquistado seu prêmio. Parabéns amigo, grande história. Hoje tenho 46 anos e acompanho Prince sem arrependimento. Moro em Guaíba/RS
Dia incrível aquele 😉 abs
Eu fugi de casa pra poder ir nesse show do Prince. Eu queria muito poder escrever mais, mas eu começo a chorar. Tudo isso me emociona demais. Para ens pelo seu relato, Luís.
Valeu Paulo 🙂 que bom que te fez lembrar dessa época 😉