Nos longínquos anos 80 comprei quase todos meus vinis dos Rolling Stones, e na época eu realmente achava que seria impossível ver essa lenda do rock no Brasil… E como as coisas mudaram mesmo, esse era “apenas” mais um show dos Stones no país 😉
[blue_box]Claro que tudo isso rolou, foram diversas cenas ridículas de quarentões e cinquentões mal educados, filmando com a luz do celular canções inteiras ou fazendo biquinho para poder ser popular no Facebook.[/blue_box]Mas mesmo como super fã, fui para o Morumbi nessa quarta feira com uma estranha sensação de que o público estaria mais preocupado com o próprio ego, podendo transformar o show num cenário para múltiplos selfies e para exacerbar uma pretensa felicidade nas mídias sociais.
Todo esse circo fútil não combinava com o espírito dos Stones, uma das mais inconformistas formações roqueiras do planeta, mas quando o show começou… o alto astral dos músicos em noite inspirada, venceu a “batalha dos caretas” e brindou a audiência com o verdadeiro Rock and Roll.
Definitivamente a banda estava relaxada e cheia de vontade no palco, e em canções como Happy, Tumbling Dice e Miss You os improvisos inspirados, transformaram o antiquado Morumbi num Pub de Blues intimista, e os sorrisos e acenos entre os músicos mostraram que além do profissionalismo, os Stones ainda tem como maior característica a espontaneidade, e nessa noite de quarta esse foi o espírito que prevaleceu em toda apresentação.
Mick Jagger é o maior performer do Pop Rock de todos os tempos, e aos 72 anos esbanjou vigor, talento e inspiração em cada dança, acorde de guitarra, piano e gaita. Mas foi mesmo a voz firme e sem vacilos até mesmo nos falsetes que impressionou os adeptos mais veteranos presentes.
Keith Richards por outro lado virou um mestre do Blues e Rhythm Blues, tocando de olhos fechados os maiores riffs do mundo e conseguindo emular de sua guitarra todos os truques e licks dos mestres do estilo. Quando cantou seus tradicionais números, surpreendeu pelo feeling e intensidade. Apesar dos sinais do tempo, musicalmente Keith está cada vez melhor.
Ron Wood também brilhou muito, com intervenções perfeitas de slide e os melhores solos de guitarra da noite, mostrou sua importância para a longevidade da banda e que deve sempre ser lembrado como um dos grandes mestres da guitarra no Rock.
O que falar então do baterista Charlie Watts… evidentemente o mais inglês de todos, sempre ereto e circunspecto no instrumento, é a garantia de que o barco dos Stones tem sempre o ritmo certo, e que sem ele também não existiriam os Rolling Stones.
A banda e seus super músicos de palco, estão mais coesos do que nunca, garantindo a todos um espetáculo repleto de momentos brilhantes. Vale ressaltar que os Stones permitem que cada músico se destaque e tenha seu momento de glória ao longo da apresentação, valorizando ainda mais o show.
E no final até o ego do envaidecido público relaxou, pois da metade em diante da apresentação no lugar dos smartphones a audiência passou a dançar e cantar junto com Jagger e Cia, e as quase 2,5 horas de show passaram rápido, tamanha catarse que causaram nessa noite em Sampa.
Na saída minha imaginação foi longe, e me vi num hipotético concerto dos caras em 2026 com todos já octogenários nos lembrando como foram loucos os anos 60, época de ouro do nosso bom e eterno rock and roll. Tomara que eu também possa estar na ativa para conferir de perto !!
Vida longa aos Rolling Stones !!
Confiram o setlist dos Stones em São Paulo dia 24/Fev/2016
- Start Me Up
- It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)
- Tumbling Dice
- Out of Control
- Bitch
- Beast of Burden
- Worried About You
- Paint It Black
- Honky Tonk Women
- You Got the Silver (Keith Richards no vocal)
- Happy (Keith Richards no vocal)
- Midnight Rambler
- Miss You
- Gimme Shelter
- Brown Sugar
- Sympathy for the Devil
- Jumpin’ Jack Flash
- Bis
- You Can’t Always Get What You Want
- (I Can’t Get No) Satisfaction
Fiquem com o ponto alto da noite – Worried about You – Rolling Stones em SP