Direto de Salvador mas há anos radicados em São Paulo, o Vivendo do Ócio supera a barreira do terceiro álbum em Selva Mundo, que é repleto de méritos e mesmo sem pretensões de inovar o estilo, consegue soar atual e mostrar todas influências presentes nas composições do quarteto.
O disco se mostra coeso e bem produzido, tanto nas letras cheias de boas sacadas/alfinetadas, quanto nos criativos arranjos e inteligentes guitarras que valem o disco.
[red_box]Vivendo do Ócio é formado por Davide Bori (guitarras e voz), Jajá Cardoso (guitarras e voz) , Dieguito Reis (bateria) e Luca Bori (baixo e voz).[/red_box]Faixa por Faixa
01. A Espera
Ótimas guitarras e pegada contestatória vão bem mesmo nessa faixa de estréia que serve bem como cartão de visita da banda soteropolitana.
02. Prisioneiro Do Futuro
Na mesma pegada poprock enveredada pelas Vespas Mandarinas, o Vivendo do Ócio acerta em cheio ao emular um guitar rock oitentista mas atual, com instigante letra que resgata referências como o “gato preto” e “se perder nas águas”. Direto e reto, pagando o preço de levar adiante o RockBr nesses anos 10 do novo milênio.
03. Prisma
Começa em verso concretista e segue com um riff que não faria feio em qualquer formação do southern rock, elevando a identidade própria do novo trampo a uma nova potência… em som que fica cada vez mais interessante audição após audição.
04. A Lista
Introdução bem stoner rock, com batera marcada e vocais mais soltos, acaba sendo minha preferida, num clima Marc Bolan da cidade baixa, mas o que vale é a deixa … “talvez eu esteja rápido demais” que me conquistou de verdade. Som que dá vontade de acelar sem limites com super pegada guitarrística.
05. Beira Do Mar
“Na beira do mar eô … na beira do mar” … assim mesmo, com clima de cidade praiana, cheia de quebras de ritmo e regionalismos em vestimentas rock, o Vivendo do Ócio mostra toda amplitude de influências e possibilidades sonoras, cometendo versos ácidos como “…tem gente comprando praia para não ter ninguém do lado”.
06. Carranca
Dando um tempo no peso garageiro, em Carranca os caras se mostram afiados na mais regional de todas canções do novo trampo, falando em subir o Rio São Francisco, conclamando os adeptos a descobrirem o que amam, em versos inspirados e romanticamente niilistas. Nota 10!
07. Selva Mundo
Sonzeira incidental que marca a “mudança de lado” do novo trampo inspirado da banda.
08. Porrada
Enquanto velhos roqueiros erram a mão ao falar de política, emulando preconceitos de classe média e ódios recalcados, o Vivendo do Ócio detona todo poder sem filtros e de forma genial, num rock que em meio a triângulos e xaxados fariam Raul Seixas sorrir bradando junto “… e Lampião é o mal e o Cangaço é o mal….”. Sublime… melhor momento dos caras em estúdio.
09. Não Te Digo Nada
Voltam com tudo as espertas guitarras, em mais um som com potencial de hit e pegada oitentista. Rockão daqueles que falam de cachaça, perda e amor de perdição. Sonzeira!!
10. Amor Em Construção
Além de brilhantes versos, chama muito a atenção a qualidade dos vocais em todo trabalho, muito bem produzido, mostra os caras em ótima fase, me dando vontade de conferir ao vivo!!
11. Salva!
A mais deslocada mesmo… na certa composta em meio a uma forte nostalgia da terrinha… mas mesmo a boa levada das guitarras não salvaram o som… mas não estraga em nada o álbum.
12. Batalha do Sono
Fechando de forma melancólica e mais psicodélica, mostra o potencial imenso do grupo, que além das raízes locais que fornecem matizes e possibilidades ritmicas diversas, se mostram ótimos e inspirados compositores. Fecha o álbum num clima nostálgico e onírico meio espacial… perfeita!!
[yellow_box]Confiram a agenda da banda online pelo Facebook dos caras !![/yellow_box]
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