O músico Pixinguinha, aos 75 anos, entrou na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para batizar o filho de um amigo. Ao chegar perto do altar, sentiu-se mal, teve um enfarte fulminante e morreu em poucos minutos. Albino Pinheiro, comandante da lendária Banda de Ipanema, que desfilava pelas ruas do Rio naquele dia, soube do ocorrido e comandou uma versão de Carinhoso, composição mais conhecida de Pixinguinha, em frente à igreja.
A alma de um de nossos maiores gênios ficou dividida entre o sagrado e o profano, mistura encontrada em inúmeras manifestações culturais brasileiras.
O músico Alfredo da Rocha Vianna Filho, Pixinguinha, morreu em 17 de fevereiro de 1973 no Rio de Janeiro. Ele nasceu também no Rio em 23 de abril de 1897.
Pixinguinha viveu rodeado de música desde criança. O pai de Pixinguinha, também chamado Alfredo, funcionário público e flautista amador, abrigava seus amigos músicos em sua casarão de 8 quartos. Muitos de seus 13 irmãos também tocavam instrumentos e China, seu irmão mais velho, era violonista e foi quem ensinou os primeiros passos da música para o pequeno Alfredo. Alfredo virou Pixinguinha após contrair varíola, conhecida na época como bexiga. No começo era chamado de Bexinguinha, com o tempo, de Pixinguinha.
Com apenas 14 anos, Pixinguinha já tocava profissionalmente no Cinematógrafo Rio Branco, centro do Rio. Ele tocou também no Cine Palais, com Donga, autor de “Pelo Telefone”, primeira gravação conhecida de um samba. Nesses locais, Pixinguinha ajudava a dar vida às imagens do cinema mudo. Nos anos 1940, o saxofone de Pixinguinha fez história ao lado da flauta de Benedito Lacerda em 34 registros na gravadora Victor com clássicos como “Um a zero” e “Vou vivendo”. Em sua carreira, o músico liderou vários grupos musicais como Orquestra Típica Oito Batutas, Orquestra Típica Pixinguinha-Donga e Diabo no Céu.
No aniversário do quarto centenário (1954) da cidade de São Paulo, o fotógrafo Thomaz Farkas registrou uma apresentação ao vivo de Pixinguinha e sua banda, infelizmente um dos poucos registros ao vivo do músico:
“Vou Vivendo” (1946):
“Ingênuo”:
Hermeto Pascoal em sua versão de “Carinhoso”, de Pixinguinha e João de Barro:
Fonte usada: Revista de História da Biblioteca Nacional