O quarteto mexicano Molotov, que tocará no Lollapalooza Brasil 2015, volta ao mercado com o álbum “Agua Maldita”, primeiro trabalho de inéditas da banda desde 2007 (quando lançaram Eternamiente), e recuperam o posto de maior banda de rock latina do planeta, com sua tradicional mistura de Rap, Rock, Hardcore e sonoridades latino americanas.
Formados por Ismael “Tito” Fuentes de Garay (guitarra, voz e diversos instrumentos), Miguel Ángel “Miky” Huidobro Preciado Huidos (baixo, voz e diversos instrumentos), Juan Francisco “Paco” Ayala Gonzalez (baixo, guitarra, voz e diversos) e Randall “Randy, El Gringo Loco” Ebright (bateria, voz, baixo e guitarras), se caracterizam por grande mistura sonora, com todos no grupo cantando e trocando de instrumentos, sempre muito políticos mas sem abrir mão do humor e escatologias diversas.
Consagrados mundialmente, podem ser considerados estrelas em toda América Latina, além de terem forte presença na Europa Ocidental, Russia e no mercado Norte-Americano, mas em termos de Brasil ainda são pouco conhecidos, mas nem a barreira do idioma explica tal ignorância, pois são sem dúvida porta vozes de todos roqueiros terceiro mundistas.
Entre seus sucessos destaco a sonzeira política de “Gimme the Power” (regravada no Brasil pelos Rappers do Pavilhão 9) e a clássica “Frijolero” que mostra todo absurdo da política imigratória e de fronteira entre USA e México.
Vejam o desempenho do sensacional disco “novo” comentado faixa por faixa :
- Oleré y oleré y oleré el UHU
Inspirados na canção tradicional do Tirol, que foi transformada em rock nos longínquos 70’s pelos holandeses da banda Focus em Hocus Pocus, os “Chilangos” do Molotov acrescentaram humor e rimas inteligentes para abrir o álbum mostrando toda irreverência e anarquia que os caracterizam. Vale mais pelo balanço do que pela louca letra!
- La raza pura es la pura raza (com Darryl “D.M.C.” McDaniels)
Um dos pontos altos do novo trabalho, a música é uma ode às diferenças, sejam raciais, sexuais ou de credo, colocando a banda no topo com versos históricos, resumindo tudo com o Mantra… A Raça mais pura é a pura raça, exaltando a todos que são vítimas do fascismo reacionário que domina atualmente corações e mentes fracas em todo mundo.
Vale o disco e como arte vale uma vida!!
- Fuga
Mostrando sua faceta Hardcore, abusam do peso com a sonoridade única de dois baixos, e apontam as rimas para todas possíveis e muitas vezes inevitáveis fugas diárias de nós … “Os Seres Humanos”.
- La necesidad
A política sempre está presente quando o assunto é Molotov, e nessa sensacional canção, os caras apontam suas armas para a carestia e consumismo, numa levada mais garageira, dizem literalmente que ninguém vive sem nada, mas ao mesmo tempo afinal qual sua real necessidade…. Nesse mundo do consumo. Acertaram em cheio!! Som do disco!!
- No existe
Em No existe a banda mostra peso e a pegada sônica de sempre, declamando de forma existencialista o futuro e encruzilhadas de uma vida, mantendo alta à voltagem do álbum.
- Llorari
Uma das coisas mais legais do Molotov é que justamente quando se começa a levá-los à sério, os caras aproveitam e mandam uma piada infame, já foi assim com versões de Amadeus (do lendário austríaco Falco), e agora o cancioneiro italiano foi a inspiração de Llorari… Com o refrão descaradamente decalcado do clássico “Volare” – tão hilário que nem direito entendi a letra, preferi somente rir…e rir… volare…oohh oohh… Hahahaha
- Again n’ Again (com Darryl “D.M.C.” McDaniels)
Começa super bem entre uma genial levada de baixo e guitarras, e mostra a pressão do dia a dia, sem nunca esquecer de levar tudo numa super boa, poderia ser um som de uma banda de mentalidade “carioca”, isso se o Rio ainda produzisse algum rock digno de nota.
- Gonner
Achei a mais tradicional e Molotov do álbum, bem pop e cheia de ganchos para cantar junto, em destaque a guitarra Surf, e as ótimas levadas de baixo. Perfeita pra pular e dançar de ponta a ponta.
- Lagunas metales
O Single de apresentação do álbum para o mundo, é muito inteligente, com ótimo video (ver abaixo) e letra, pagando tributo ou mesmo brincando com praticamente todo rock em espanhol, citando banda por banda num louco contexto, onde no final tudo se encaixa perfeitamente.
Falam de Bersuit, Heroes Del Silêncio, El Tri, Charly Garcia, Los Pericos, Brujeria, Andres Calamaro, Cafe Tacuba, Gusana Ciega, Los Jaguares, Las Pelotas, Mano Chau, … E gringos como The Police e Interpol. Sensacional !!
- Quien se enoja pierde
Uma quase balada, ou espécie de hino anti depressão, naquele Spanglish perfeito que caracteriza o quarteto, fechando com muito estilo o álbum Água Maldita.
Molotov no clipe de Lagunas Metales