Se tem um gênero que já nasceu e morreu centenas de vezes foi o Punk rock, e no filme “Punk in Africa” o estilo mostra uma face para muitos desconhecida, e que é redimida nesse ótimo documentário, que mostra que adotar o estilo e ideologia em plena era do Apartheid era arriscado e político até o último fio de cabelo, fazendo das bandas britânicas da mesma época, um bando de garotos revoltados sem causa.
Na África do Sul e nos vizinhos Zimbabwe e Moçambique, o rock foi nos anos 70 e 80, uma das poucas fugas possíveis para os jovens de todas as cores, sendo também uma forma de praticar a tolerância e a convivência inter-racial, com inúmeras formações que envolveram brancos, negros e indianos no mesmo espírito de diversão e constestação às normas do Apartheid e das sociedades pós coloniais.
Ser roqueiro e ter uma banda multi racial na África do Sul, em 1976 após as revoltas de Soweto, era um risco real de prisão e até mesmo de vida, tornando os pioneiros Sul africanos verdadeiros heróis alternativos locais, em bandas que também lutavam para gravar e se apresentar.
Eram elas 100% independentes em formações que marcaram época como os “Gay Marines“, “National Wake” , “Screaming Foetus” e “Kalahari Surfers“.
Bandas como o The Clash e o movimento Two-Tone, influenciaram combos locais em profusão, incentivando-os a desafiar e questionar o regime fascista e racista do país, tornando o lado político a principal característica de grupos como “Hog Hoggity Hog” e os “The Rudimentals” que incorporaram o Reggae e o Ska em sua sonoridade.
O documentário, dirigido por Keith Jones e Deon Mass, também mostra o impacto do estilo nos recém independentes Moçambique e Zimbabwe, que vizinhos e conectados à África do Sul, influenciaram e abriram o leque de ritmos às bandas locais.
O filme “Punk in Africa” reforça o caráter político e jovem do movimento, e nos mostra o quanto era difícil ser Punk em meio a um dos regimes políticos mais abomináveis que o mundo já viu, o Apartheid Sul Africano.
National Awake em raro vídeo
Trailer do filme “Punk in Africa”