Música de protesto à enésima potência com a Pussy Riot

A banda Pussy Riot mostrou que a temporada na prisão não esmoreceu sua luta contra o governo Putin. Elas escolheram a cidade de Sochi, onde são realizadas as Olimpíadas de Inverno, para a execução de sua nova música/protesto e foram recebidas a chicotadas pela polícia.

As músicas da banda foram presas em março de 2012 e libertadas em dezembro de 2013 sob a acusação pela justiça russa de vandalismo e incitação ao ódio religioso após a gravação de um clipe em igreja de Moscou.

Enquanto tentavam gravar o clipe da nova música com o singelo título “Putin te ensinará a amar a Pátria-mãe” nesta semana, as integrantes foram duramente agredidas pela polícia e um fotógrafo, que registrava o momento, teve seu nariz quebrado.

A saia-justa pela divulgação do vídeo e com o mundo de olho na Rússia devido à realização das Olimpíadas de Inverno, o governo se viu obrigado a dar satisfação sobre as cenas absurdas vistas no vídeo. Dmitry Kozak, vice-primeiro-ministro da Rússia, declarou, sem maiores detalhes, que os policiais agressores serão punidos.

A banda russa Pussy Riot chuta o balde do governo Putin

As integrantes da Pussy Riot levaram a um novo patamar o gênero música de protesto. De certa forma, a banda materializou o sonho de Jello Biafra e seu Dead Kennedys. Na década de 80, Biafra cantava aos quatro ventos as atrocidades da política norte-americana e arrebatou milhares de fãs, mas a Pussy Riot conseguiu ir além. Explico: através da música (não esqueçamos que elas formam uma banda), tornou-se a principal opositora de um governo. Sem dúvida, a truculência do governo Putin e a prisão delas colaboraram para a “divulgação” da banda.

Mas e a música do Pussy Riot?

O alcance da polêmica causada pela Pussy Riot é tamanha que esquecemos de enxergá-las como uma banda, e como toda banda, produz canções. As músicas são rápidas, quase no estilo DRI (Dirty Rotten Imbecils), banda norte-americana dos anos 80, que chegava a ter músicas com duração de apenas alguns segundos. O alvo preferido das letras é o presidente Vladimir Putin, no resto, as Pussy Riots não diferem de toda boa banda punk: iconoclastas e anti-quase tudo.

A música mais recente: Putin te ensinará a amar a Pátria-mãe (com as imagens da truculenta polícia de Sochi com a banda)

Mate o sexista

Death of jail freedom of prot (título em inglês da música)

Putin coloca mais lenha na fogueira (tradução livre)

 Punk prayer, gravada na igreja, que as levou à prisão

 

As integrantes do Pussy Riot na gélida Praça Vermelha em janeiro de 2012

A prisão das Pussy Riot

As integrantes da banda passaram uma temporada na prisão após a gravação do clipe de duas músicas na Catedral Cristo Salvador, em Moscou. Acusadas de vandalismo (“qualquer semelhança com fatos conhecidos por brasileiros NÃO é mera coincidência”) e incitação ao ódio religioso, foram presas e condenadas a dois anos de prisão em março de 2012.

Sem as máscaras, as integrantes da banda Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich e Maria Alyokhina na prisão

A indignação da opinião pública mundial e até a possibilidade de boicote de alguns países às Olimpíadas de Inverno em Sochi pressionou o governo russo a libertá-las em dezembro do ano passado.

Livres, as integrantes não mudaram o tom do discurso contra o governo e disseram que tal medida não “passava da publicidade”.

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