A biografia escrita por Michael Schumacher, cobre a maior parte da vida de Eric Clapton, mostrando o jovem inseguro, criados pelos avós e que desde cedo aprendeu o que era a melancolia, se identificando com o som e o lamento do blues norte americano.
O livro retrata cronologicamente a infância no pós guerra, a descoberta da musicalidade, e o momento de surgimento do performer em ’65, onde com brilho incomum, foi retratado nos muros Londrinos com a pixação “Clapton is God/Clapton é Deus”.
Clapton nem sempre segurou a onda nas fases mais pesadas, mas seus “amigos de verdade” o colocaram de novo na ativa, tanto na estrada quanto no estúdio, garantindo ao mundo, inspirados discos solo nos 70’s e hits como Cocaine, After Midnight, Lay Down Sally, Layla, Let it Rain, Wonderful Tonight, Blues Power, I can’t Stand It… Com vendas multi milionárias, vários Grammys e adulação de gerações e gerações de fãs.
E vieram os Yardbirds, Bluesbrakers, Cream, Blind Faith, Derek and the Dominos, e as inúmeras parcerias e participações, que envolveram todos ex-Beatles, Rolling Stones, The Who, Buddy Guy, Howling Wolf, Dire Straits, Phil Collins, Steve Ray Vaughan, Bob Dylan, The Band, Steve Winwood, Roger Waters, B.B.King, Sting, Bob Geldof, Chuck Berry…A trajetória de Eric Clapton e sua carreira solo seguiu entre altos e baixos, passando do blues ao rock, da psicodelia ao folk, do reggae ao pop, e levando consigo as marcas de uma vida de excessos, onde mulheres, carros, guitarras, bebidas, drogas e perdas diversas se encarregaram de garantir ao artista a própria humanidade, o que para um virtuose sempre incensado a gênio foi um contraponto na busca da própria alma. Claro que após os anos 80, Clapton sobreviveu dos hits do passado, mas se reinventou depois do massivo sucesso do Unplugged MTV, buscando novas sonoridades e eletronices , mas sem nunca deixar de retornar ao Blues que é sua verdadeira missão.
Como biografia, o livro cumpre seu papel, já que mesmo conhecendo bastante a obra e histórias de Clapton, me deu uma visão mais sólida do gênio e do seu lado sombrio.
Vale ler sem muita pressa e de preferência passando por uma trilha sonora, que cubra todas fases e parcerias inspiradas que o bluesman colecionou por toda carreira.Fiquem com Badge, ao vivo na BBC em 1974, meu som preferido do Deus do Blues