Imagine a música dos últimos 45 anos, sem a força poética de Lou Reed, o cara que salvou o Rock do pop anódino e das bobagens do Flower Power, elevando o QI do estilo, sempre com a missão de transformar o gênero arte de primeira grandeza.
O cara logo chamou a atenção do público em meados dos anos 60, quando sua banda, o Velvet Underground se aventurou pelo submundo e pela arte de vanguarda de Nova Iorque, virando protegidos de Andy Warhol e do underground de Manhattan.
Reed versava o cotidiano urbano e a contracultura local, com inteligência, ironia e perspectiva de quem participava dos acontecimentos narrados, virou cult, como nas referências aos vícios e aditivos de “Waiting for The Man” e “Heroin”.
Também preparou o terreno para o Punk Rock e para a New Wave, flertando com a eletrônica, academicismos e minimalismos diversos. Soube falar de política, amor gay, família,religião, drogas, cidades (NYC e Berlin) e com carisma ímpar, se firmou sem concessões no mundo pop.
Em parceira frutífera com David Bowie, gravou os álbuns Berlin e Transformer, este último do mega hit “Walk on the Wild Side”, que ligou sua imagem para sempre com a subcultura urbana e marginal, não o impedindo de ser romântico em “Coney Island Baby” ou “Perfect Day”.
Em 1989 gravou o grande New York, com guitarras poderosas e grande sucesso comercial, se destacando minha preferida “Dirty Boulevard“, voltou a trabalhar com seu companheiro de Velvet Underground John Cale em “Songs for Drella” e num efêmero retorno dos Velvet com tour europeu em 1993, que rendeu ótimo disco ao vivo.
Inquieto tocou no mundo todo, e nos 2000 veio ao Brasil em pesado show no Credicard Hall, na turnê de Ecstasy (2000), gravando ainda com John Zorn e Laurie Anderson o cabeça The Stone: Issue Three, retornando ao pais com The Metal Machine Trio (The Creation of the Universe de 2009).
Surpreendeu o mundo ao emprestar seu cérebro ao Metallica no controverso Lulu de 2011, mas que vale a audição, e mostra Lou vivendo a vida selvagem que sempre viveu, mesmo que absorvido no mundo Mainstream como o poeta do rock que sempre quis ser.
Além dos 8 vídeos selecionados para celebrar sua obra, fiquem com trecho de rara entrevista do mestre Reed para o jornalista Bill Flanagan, no verão de 1984… valeu Lou Reed !!
Bill Flanagan: Você foi responsável pela expansão do vocabulário roqueiro, numa época em que ninguém parecia se interessar por isso,
Lou Reed: Eu quero ser o Kurt Weill do rock’n roll. O meu interesse desde o tempo dos Velvets, sempre é o mesmo, a idéia de pegar o rock, com todo seu formato pop, e dar a ele uma forma adulta, com temas adultos, abordados para despertar o interesse de um cara já adulto como eu.
Velvet Undergroung – Waiting for the Man
Velvet Undergroung – Heroin
Lou Reed – Sweet Jane
Lou Reed – Vídeo Violence (letterman)
Lou Reed – Vicious (live 74 in Paris)
Lou Reed – Dirty Boulevard (89 com David Sanborn)
Lou Reed – Perfect Day (live nos 90’s)
Lou Reed – Walk on the Wild Side (live 2011)