Quando uma banda ícone de uma geração retorna após tanto tempo, duas coisas certamente acontecem, de um lado uma comoção generalizada entre os fãs, que se mobilizam (como eu…) e buscam reviver a época onde cada canção mostrava um novo caminho, e de outro lado a chata mídia especializada, que aproveita o revival para ver todos defeitos e relativizar a volta.
Não foi diferente no caso dos Stone Roses, banda que mudou definitivamente o pop rock britanico na virada dos anos 80 para os 90, injetando inconseqüência e ritmos dançantes em cada single, abrindo caminho para o britpop de bandas como Oasis, Primal Scream, Charlatans, Supergrass e tantas outras.
Na real o mal humor da mídia com a banda não se justifica, Mani e o batera Reni fazem do show uma autêntica Rave, mostrando o que é GROOVE, dando uma aula de como fazer o rock dançar.
Chris Squire é o maior guitarrista de sua geração, redefiniu de vez o estilo de tocar, e mais que um virtuose, o cara põe sua técnica e criatividade a serviço da estética e do bom gosto. No show, tocou os clássicos nota por nota, com presença e estilo, parecia o mais feliz dos quatro e nos poucos momentos de improviso, como em “I am the ressurrection”, mostrou ao que veio e citou Beatles, Hendrix e Stones, o que já valeu show.
Ian Brown é o cara, não se fez de rogado e surpreendeu pela energia no palco, caras, bocas, estilo e uma inacreditável marra… Entrou com jaqueta esportiva da Etiópia, e manteve o figurino à mão com um mancebo ao lado da bateria (Style), onde com muita classe foi trocando de peças e guardando os presentes recebidos pelo público.
Ian deu um puta show, e mostrou aos Gallagher’s da vida, que além da marra gigante, um vocalista tem que saber mexer com o público…o cara usou todo palco, desceu na pista e fez as macaquices padrão de um concerto mega, com mesuras à Portugal e aos estrangeiros presentes (mais de 8.000 ingleses).
Agora… Falar que ele desafinou no show é coisa de quem não conhece as músicas dos Roses, e fora um ou outro escorregão, os tons e afinações das canções tem dinâmicas próprias, onde o arranjo contempla Ian Brown + Reni (2a. voz), e ao vivo a dupla que em teoria se odeia, fez vocalizes legais e deu ao show o clima dream pop necessário para a viagem.
Em 01 hora e 40 minutos, quase sem descanso entre os sons, os caras fizeram show histórico, repleto de pontos altos como I wanna be adored, Don’t Stop, She bangs the drums, Made of Stone e 20 story love song.
Sou mesmo super fã e confesso que ver o show no complexo de Alges, bem ao lado de Lisboa foi um privilégio, ainda mais com a impressionante estrutura montada para o Optimus Alive 2012, onde o público teve acesso a inúmeras alternativas de alimentação, bares, relaxamento, diversão e banheiros, tudo funcionando num espaço com 3 palcos e shows simultâneos. O festival é super recomendado… E rola todo ano em julho, teve nesse ano shows como LMFO #fui, The Cure, Refused #fui, Tricky, Mazzy Star, The Kooks, Dum Dum Girls #fui, Snow Patrol #fui e Radiohead entre outras.
Quer saber… Mesmo que por alguns momentos, os Stone Roses voltaram a ser a maior banda do mundo, e conquistaram o diverso público local, com o poder dançante da alquimia sônica que de Manchester conquistou o mundo.
Setlist Stone Roses 13/jul/2012 – Alges – Lisboa – Portugal
I Wanna Be Adored , Mersey Paradise , (Song for My) Sugar Spun Sister , Sally Cinnamon , Ten Storey Love Song , Where Angels Play , Shoot You Down , Fools Gold , Something’s Burning , Waterfall , Don’t Stop , Love Spreads , Made Of Stone , This Is the One , She Bangs The Drums , I Am The Resurrection