Por Renata Quirino
Rolou ontem em São Paulo o show da banda de hardcore americana No Use For a Name, no Carioca Club. A casa, localizada em Pinheiros, tem uma programação voltada para a música brasileira, como samba e forró, e nos últimos tempos também tem se dedicado ao rock, com shows de bandas como Sebastian Bach, Kyuss Live!, Destruction, entre outros.
Essa foi a primeira vez que vi um show no Carioca Club e vi muitas vantagens: fácil acesso (o metrô Faria Lima fica a cinco minutos do Carioca e há diversas opções de ônibus na região), os shows começam e terminam cedo (evitando assim que o público passe a madrugada na rua esperando que o transporte público volte a funcionar ou que tenha que pagar por um táxi para ir pra casa), som e iluminação bons e camarote com uma visão bacana do palco. Muitos pontos para a casa. Mas, como nem tudo é perfeito, antes do No Use For a Name subir ao palco, o Dj da casa, que não conhecia nada da banda e muito menos do público, cometeu o erro de tocar um CD INTEIRO do Rappa para “aquecer” os presentes. Óbvio que a escolha não agradou e depois de muitas vaias e pedidos desesperados para que o DJ tivesse piedade de nossos ouvidos e parasse de tocar aquilo, o moço resolveu trocar o disco e colocou Metallica. Totalmente fora de contexto, mas, logicamente, muito melhor que o Rappa. NOFX? Millencolin? Pennywise? Acho que ele nem sabe o que é isso.
Bom, mas agora o No Use For a Name. Também conhecido como NUFAN, a banda nasceu no final dos anos 80, na Califórnia e é uma das mais representativas no chamado Hardcore Melódico. A última passagem dos americanos no Brasil foi em 2009, no tradicional Hangar 110.
A banda subiu ao palco com quinze minutos de atraso, às 20h15. O vocalista Tony Sly entrou em cena registrando a euforia do público com seu celular. O simpático baixista Matt Riddle conversou e brincou bastante com o público durante toda a apresentação, inclusive com o fato de que hoje, domingo, a banda fará um show na Argentina. Já Tony perguntou se o público gostaria que a banda cancelasse a apresentação e fizesse mais um show por aqui e a platéia, claro, respondeu fervorosamente que sim.
Com fãs fiéis, a banda foi acompanhada do início ao fim, em todas as canções. Destaque para o hit “Coming Too Close”, que arrancou até lágrimas de alguns que estavam por ali. Com a platéia formada na sua maioria por adolescentes e por trintões que estavam recordando sua adolescência, esse show mostrou que a cena hardcore tem um público apaixonado e que conquista novos admiradores a cada dia.
No BIS, o vocalista subiu ao palco com sua guitarra e improvisou uma música em homenagem à São Paulo (com direito a uma bela desafinada no começo, diga-se de passagem), com uma letra que dizia como a cidade traz boas recordações à banda, come eles estão felizes por estar ali novamente e que prometem voltar em breve. Claro, muito aplaudido pelo público apaixonado. Logo em seguida a banda toda volta para tocar as últimas canções. Dois garotos invadem o palco e são levados pelos seguranças. Matt Riddle deixou a banda tocando e foi pedir para que o segurança deixasse os fãs descerem pela frente do palco numa boa. Voltou, pegou o baixo do chão e continuou tocando.
A banda encerrou a apresentação agradecendo muito e o público foi embora feliz do Carioca Club esperando que Tony Sly cumpra o que disse durante o show: voltar em breve. Uma noite de hardcore adolescente, para quem é adolescente ou para quem voltou a ser adolescente durante uma hora e meia.
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