Por Renata Quirino
A Virada Cultural em São Paulo aconteceu no último fim de semana em toda capital, levando cultura para toda a cidade. Com tantas opções, era imprescindível fazer um roteiro para não se perder no meio de tantas (ótimas) atrações. Porém, devo começar dizendo sobre a decepção com a Virada Cultural quando foi anunciado o cancelamento do show dos jamaicanos do Toots and Maytals. Com certeza esse seria um dos grandes shows de todo o evento.
Mas apesar do desfalque, não dava tempo de ficar apenas lamentando: no sábado, minha Virada Cultural começaria com o McCoy Tyner Quartet, mas por causa de alguns imprevistos, não pude ver esse incrível pianista que tocou com ninguém mais ninguém menos que John Coltrane. Sorte de quem esteve lá.
Minha noite então começou com os extraterrestres no Man Or Astroman? no palco Barão de Limeira. Mesmo com muitas falhas no som, os lunáticos conseguiram fazer um show divertidíssimo, dançante e totalmente insano. Com direito a mosh do guitarrista Star Crunch e do baixista Coco the Electronic Monkey Wizard. Sensacional.
No dia seguinte, minha maratona musical começou com o Suicidal Tendencies às 9h30 da manhã no palco São João. Ansiosamente aguardado pelo público, no primeiro minuto de show, o público invadiu a área destinada à imprensa. Muitos garotos e garotas se jogando do palco para a platéia, deixando os seguranças a beira de um ataque. Um mosh pit inacreditável se formou no meio da avenida. Simplesmente lindo! A banda fará amanhã uma tarde de autógrafos na loja Sick n Silly Rockstore, na Alameda Jaú, às 17:00 e encerrará a turnê com show na Clash Club, Barra Funda, na quarta feira, dia 07.
Logo depois fui até a Av. Rio Branco para ver a banda Skywalkers, da zona leste de São Paulo. A programação do palco Baratos Afins foi organizada por Luis Calanca, dono do selo e da loja de discos de mesmo nome. Infelizmente, o público não era dos maiores. Já era de se imaginar, já que ao mesmo tempo estava rolando no palco São João o disputadíssimo show do Titãs, que tocou na íntegra o clássico Cabeça Dinossauro, de 1986.
Uma pausa para almoçar, dar uma volta na cidade, fotografar os mais diferentes tipos de arte que aconteciam por ali – desde bolivianos tocando “Menina Veneno” até Índio Chiquinha dançando com suas castanholas em frente ao Teatro Municipal.
Meu domingo musical acabou com um dos shows mais deliciosos que já vi na Virada Cultural: Charles Bradley. Mais do que música para ouvir: musicar para sentir. Duas palavras podem definir bem o show de Charles: sexy e emocionante. O soulman (verdadeiro soulman) subiu ao palco depois de uma bela Jam de sua incrível banda. Com uma impressionante capacidade vocal, Charles Bradley se emocionou em vários momentos da apresentação e agradecia a cada instante a presença do público. Como se não bastasse, foi até a platéia e abraçou todos que estavam na primeira fila por mais de 20 minutos. Eu só tenho uma coisa a dizer: nós que te agradecemos, Charles. Obrigada por existir e encerrar minha Virada Cultural tão brilhantemente.
E após um show desses, eu não poderia voltar para casa com outro sentimento que não fosse felicidade. Que venha a Virada Cultural 2013.
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