O som do Rio da Prata, vem se modernizando e se valorizando no século XXI, tanto em termos musicais quanto pela revitalização da cultura do Candombe, Murga e Milonga quanto pelo uso da eletrônica no Tango atual.
Nesse cenário, o show do compositor uruguaio Jorge Drexler foi bem interessante, intimista e de bom gosto, exigiu da audiência atenção e silêncio, algo que no clima de Pub, do excelente Bourbon Street não rolou, mas mesmo assim ele se salvou.
Primeiro, vamos às canções.
O cara tem um ótimo repertório, e soube fazer a platéia participar e se deliciar com surpresas como “Sampa” de Caetano Veloso em espanhol e com liberdades poéticas trocando a Bahia por Montevideo na Letra. Mas foi em canções como “Milonga Del Moro Judio”, “Guitarra y Vos”, “Sea” e covers como “Dance Me to the End of Love” de Leonard Cohen que o show se apoiou e teve seus melhores momentos.
Segundo, o bom gosto e minimalismo dos efeitos e arranjos.
Sem banda de apoio – o Tour “Cara B”, é mesmo assim rico em detalhes. Jorge Drexler fica ao palco quase sempre sozinho, no violão ou nas guitarras com riqueza de timbres, efeitos, tons e intervenções eletrônicas. Destaque ainda para o estilo do cara, estava elegante e simpático, falando com o público sempre em bom português, mas de uma maneira relaxada, sem pressa alguma… Como se o mundo mudasse de ritmo, incorporando uma nostalgia Uruguaia que parece vir diretamente de uma outra época. Ponto para Jorge.
E olha que Jorge teve que lutar como um gigante contra toda sorte de problemas… O som estava baixo e nas 3 primeiras músicas se ouvia mais as conversas paralelas, o barulho de celulares e copos de whisky “tilintantes”. Consequência… parte da audiência se dispersou e o show perdeu ritmo. Como complemento, batalhões de mocréias desalmadas achavam que ele era o galã do momento, e como macacas de auditório, tornaram impossível para a apresentação ter a calma, bom gosto e bossa necessárias para deslanchar.
Um show como esse, deveria ter sido em um teatro como o Auditório Ibirapuera, Sesc Vila Mariana, Pinheiros ou qualquer espaço sem a briga de ambientes entre o bar e a platéia, como definitivamente rolou nessa última Quinta no Bourbon Street.
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