Show na faixa é irresistível. Lá fui eu, em um frio de rachar, ver o John Pizzarelli no Bourbon e com R$ 150,00 a mais no bolso.
Pensei, xi, na faixa, a mesa deve ser uma merda, não era, só duas mesas me separavam do palco. Olho para o lado, coroas botoxizadas e caretas em geral.
A fome batia, já eram nove e meia e só um almoço meia-boca, o vazio no estômago me
John Pizzarelli
matava, pensei, tudo bem, Já que é na faixa, vou pedir uma porção e um vinho, como a maioria dos coroas já tinha feito.
Não deu tempo nem de chamar o garçom, o show começou e fico sabendo que o John não deixa que sirvam as mesas durante o show. Tive que me contentar com uma caixinha de Mentos pela metade por uma hora e meia.
John trouxe trouxe três músicos, o baixista de pau é seu irmão, completam o time o excelente pianista e o discreto baterista com cara de bancário. Por vezes, John cria um clima de cabaré com sua voz suave e terno bem cortado.
Tocou “Unforgettable” e outra do Nat King Cole, um Tom Jobim, o seu clássico “Lulu”, duas do Frank, o Sinatra, bom jazz. Até me esqueço do público que me causa um certo desconforto e me incita idéias revolucionárias, como “jazz for the people”. Mas quando percebo melhor o traquejo de John com a “galera”, percebo, que está à vontade, é meio almofadinha também. Mas um grande músico e sujeito boa praça.
A melhor parte fica para o final. John explica que é de New Jersey e que os músicos exaltam as belezas da Big Apple e ignoram o subúrbio WASP. Canta suas loas em homenagem a sua cidade natal por meio de várias vozes: Johnny Cash, Paul Simon, James Taylor, Bruce Springsteen, João Gilberto e João Bosco para delírio geral, além de muitos outros.
No final, devorei um Big Mac, mas para falar a verdade, durante quase todo o show, até esqueci da fome.
Fernando do Valle – é jornalista, empresário e mais novo colaborador Vishows
