O show de Father John Misty em São Paulo foi histórico por N motivos, e parece que cada um deles conspirou cosmicamente na busca pela vibe perfeita.
O domingo estava congelando, com aquela típica garoa paulistana, mas que não desanimou os pouco mais de 1000 presentes no Teatro Simon Bolívar, parte do Memorial da América Latina, e um dos espaços culturais mais legais da cidade, em especial quando usa sua configuração original, que coloca o público dos dois lados do palco.
Nessa noite de Father John Misty estreando em São Paulo, a produção teve a grande sacada de montar o enorme palco de forma bem criativa, deixando o centro e laterais para que nosso bardo dançasse e interagisse com os fãs, ficando os 6 músicos da banda, todos de frente uns para os outros, tornando a experiência “artista/palco e público” ainda mais interessante.
Ora se dirigindo à Plateia A e ora à B, foi mesmo impressionante o domínio de palco que Mr. Josh Tillman (seu nome verdadeiro) mostrou na apresentação, se revezando entre guitarras, piano e violões, de forma fluida, deixando espaço para, em diversas músicas, ficar somente de crooner altrock, dando as cartas e instigando os instintos da galera, que foi se soltando música após música.
No meio da performance, muitos estavam de pé, dançando ou mesmo dando uma pirada, com o mix de folk, rock, harmonia, poesia e sensualidade que foi a apresentação.
Talvez nem precisasse ser escrito que esse cara é mesmo um dos artistas mais importantes da década, que ele está em fase brilhante e que ver um artista no auge é sempre imperdível.
Mas uma coisa é certa: ele pode ser chamado de pretensioso performer trovador indie, mas que se faca justiça: não é pouca coisa combinar um lirismo dylanesco, com um cabaré xamânico poético, que vai de Jeff Buckley até Jim Morrison, mas que emula o pop perfeito de artistas como Elton John e Phil Collins. E tudo isso, vejam bem, no melhor sentido da coisa 😉