O AC/DC é uma das bandas mais originais e instigantes de todos os tempos, e sempre foram uma das formações roqueiras com mais lendas e histórias por metro quadrado.
Afinal, os garotos escoceses emigrados para a Austrália ainda na juventude, foram bombardeados pelos melhores sons roqueiros, caso de influencia familiar direta, fruto do sucesso dos Easy Beats (banda iconica dos 60´s).
Não é nenhuma coincidência que os principais compositores dos “Beatles Australianos” eram George Young (baixista e irmão dos guitarristas do AC/DC) e Harry Vanda (guitarrista e futuro produtor do AC/DC).
A dupla Vanda & Young, foi essêncial na criação do combo já que produziu quase todos clássicos da era Bon Scott (vocalista dos primeiros álbuns da banda), como Let There Be Rock, Powerage, Dirty Deeds Done Dirt Cheap, High Voltage/ T.N.T. e Jailbreak.
Toda essa história é superficialmente conhecida pelos fãs do AC/DC, mas os detalhes e bastidores sempre foram bem ocultados pelo staff dos caras. O que deu margem a inúmeras lendas e boatos, e como nunca se lançou uma biografia oficial da banda, ficamos somente com a literatura disponível feita por fãs ou ex-integrantes, normalmente cheia de contradições e falhas. Foi assim, empolgado pela promessa de entender melhor essas histórias que comprei o livro de Jesse Fink – “Os Youngs – Os Irmãos que criaram o AC/DC”, que apesar de não contar com nenhuma declaração oficial dos Young´s ou de seus antigos produtores, consegue ser bem interessante para os fãs.
Principalmente pelo enorme trabalho de pesquisa que o autor realizou para ser o mais fidedigno com a história.
Apesar de muitas vezes ter cara de tese acadêmica, e de se desculpar por não conseguir falar com os chefões da banda, o livro agrega muita informação, ajudando a entender melhor a importância da família Young (não somente George) para o sucesso do AC/DC, bem como o real peso dos caras no cenário do rock australiano e mundial.
No lado musical o leitor é apresentado a uma séria de produções sensacionais que Vanda & Young realizaram antes do boom da banda.
Cada coisa boa !! Super sons dos Easybeats, como “Friday on my Mind” (hit internacional da banda nos 60´s), “Good Times” (regravada pelo INXS com Jimmy Barnes – cantor que era o favorito do público “aussie” para substituir Bon quando o lendário vocalista morreu em 1980) e a poderosa Evie de Stevie Wright , que conta com um clima pré AC/DC e a presença de Malcom Young nas guitarras.
Evie foi um grande sucesso na Austrália, mas apesar dos esforços nunca estourou internacionalmente, apesar da canção e suas 3 suites serem sensacionais.
No livro fica evidente que essa falta de novos sucessos e as dificuldades dos Easy Beats e de Vanda & Young em repetir os resultados internacionalmente, tornaram os irmãos roqueiros / produtores, uma pequena “ditadura familiar” na visão retratada por Fink.
No livro “Os Youngs – Os Irmãos que criaram o AC/DC ” todo projeto artístico e empresarial do AC/DC é mostrado como uma máquina fechada e maquiavélica, que fez de tudo para achar a fórmula certa e um caminho para o merecido topo.
Mas justamente essa tese é o ponto fraco do livro, pois Jesse Fink deu muito crédito a diversos detratores sem ter tido a possibilidade de ouvir o “lado Young” da questão, tornando a leitura um tanto negativa para a imagem da banda, em especial por claramente demonstrar sua reprovação por Brian Jonhson (como fã até passei por isso… mas ao vivo Johnson já me convenceu há anos…), e por considerar o grupo atual uma versão pouco inspirada do que já foram.
Entre mortos e feridos, o livro apesar de interessante me deixou mais dúvidas do que certezas sobre o AC/DC, mas mesmo assim, recomendo como uma boa referência sobre o surgimento e consolidação da banda no cenário rocker.