O blog acabou optando por acompanhar no Sábado pela TV e no Domingo, já devidamente preparado, conferí ao vivo tudo que conseguí, entre as opções incríveis de shows. Primeiro … os parabéns pela cobertura realizada pelo Multishow/CanalBis, que conseguiram passar, sem os tradicionais vexames de anos e festivais anteriores, o clima do público e a sonoridade de cada artista. Foram boas as entrevistas, traduções simultâneas, e mesmo sem passar o Muse (que vetou a transmissão do show), trouxeram grandes performances e tornaram o Lolla No Sofá, o grande programa do fim de semana, para quem não pode ou quis estar no Lollapalooza 2014.Alguns amigos que foram Sábado, reclamaram da fila do metro, e de problemas na locomoção entre os palcos, mas no Domingo apesar do intenso calor, esses problemas foram contornados, o que me leva a crer que o grande problema do Sábado, foi mesmo a superlotação . Na TV, os grandes destaque foram: Café Tacuba (ou Tacvba) que mostrou o melhor do poprock mexicano, que vai muito além do óbvio, e mesmo desconhecidos no Brasil (são mega em toda América Latina), mostraram que atualmente são a melhor banda de rock do sub-continente. Impossível não se empolgar com a sonoridade, coreografias e força ao vivo dos músicos. Agora no quesito quero agradar, pontos para Cage The Elephant e Imagine Dragons, mas as bandas apesar da energia e entrega no palco, não me convenceram, e agradecí por ter ficado em casa, assim como os Portugal.The Man que tem bons singles, mas pareciam que estavam congelados no gélido Alasca, e depois de meia hora ví que não decolava e desisti também.
Mas ainda tínhamos Muse, NIN, Kid Cudi e os franceses do Phoenix… Então havia esperança de shows realmente históricos… Mas do Muse não posso falar afinal não ví, já os NIN de Trent Reznor, são bons ao vivo, mas na TV foi monocórdico e tedioso, acredito que lá no Lolla pertinho do palco tenha válido mais a pena.Kid Cudi foi divertidíssimo, mas sem banda ou DJ, Cudi cantou em cima de bases pré gravadas, e valeu somente como introdução ao carisma e musicalidade do “rapper” norte americano. E quem salvou a noite no sofá, foi mesmo o Phoenix, que além de ter provocado reações orgásticas do público pela seqüência de hits que emendou no pulsante concerto, mostrou que o Indie Rock virou outra coisa… Trent Reznor já falou em algo como Post Indie Rock, não sei se é o lance, mas a verdade é que os caras tem estilo, musicalidade e pegada roqueira em canções pop perfeitas, que unem a melodia original de canções tradicionais ao melhor do que uma boa produção proporciona atualmente. Deu muita vontade de dançar e pular na sala ! Imagine então para quem estava lá ! Pontos para o LollaBr 2014! Foi o primeiro momento histórico do festival !
Resultado do Sábado = Café Tacuba, Nação Zumbi, Kid Cudi e Phoenix, valeram o sábado do Lolla para quem curtiu na TV.
Agora no Domingo, quase tudo deu certo, desde a ida relax de Metro/Trem, até a saudável caminhada ladeira acima, para chegar no Autódromo e sem filas… caminhei até a entrada do enorme Interlagos, já com mais de 30ºC, e com a missão de andar mais 2,5 Km até o palco Ônix e não perder o Johnny Marr...mas no caminho … Brothers of Brazil… Pq escalam esses caras !? Quase morri de desgosto, tem tanta banda boa no Brasil… Mas maluquices à parte, após boa caminhada, chego feliz no Ônix, há 10 minutos da apresentação do lendário ex The Smiths.Confesso virei fã e deixei todo profissionalismo do blogueiro de lado, pois só me preocupei em cantar e me divertir nos 50 minutos em que Johnny Marr, mostrou que tem voz, carisma e personalidade para mandar clássicos como How Soon is Now (com Andy Rourke no baixo, no momento Morrissey… Não precisamos de você – histórico), Stop Me If You Think You’ve Heard This One Before, Generate! Generate! , Bigmouth Strikes Again e There Is a Light That Never Goes Out. No show versões de I Fought the Law e Getting Away with It (Electronic), fizeram bonito junto a sons novos como New Town Velocity.
Sou fã mesmo, mas foi muito bom !! Segundo momento histórico do Lollapalloza 2014 (quase fui embora… Mas tinha mais).
Atravessei tudo de novo, e com muita gente chegando, fui conferir as novatas Savages, Girl Band que ecoa o melhor do post punk dos 80’s, sem parecer uma homenagem, pois são autênticas e tem charme de sobra. Acho que fazem a trilha sonora perfeita para uma cidade como São Paulo, é um som pretensioso, com guitarras atonais e experimentalismos, sem nunca perder a urgência. O show foi uma porrada, e os poucos que estavam lá, viram uma banda que com só um álbum, tem ainda muito o que mostrar ! O futuro do rock passa por essa banda… Meninos, Me escutem !!Me posicionei então para os Pixies, e confirmei que sem Kim Deal, a banda é comum, singles novos como Bag Boy são fracos, e a banda burocraticamente, mostrou aos novatos seus hits da fase em que o Indie era só o College Rock Americano, mas minha vontade tinha endereço, pois com 40 minutos de show, já fui para o palco Ônix, me posicionar e ver a presença inédita do Soundgarden no Brasil. A banda de Chris Cornell, sempre foi a mais Metal de todo o grunge, e os gritos e guitarras poderosas, deram o clima para os cabeludos e roqueiros saudarem a banda como fundamental para o som pesado de hoje e de sempre, mostrando sua relevância, e mesmo sem o batera Matt Cameron, Chris Cornell, Kim Thayil e Ben Shepherd, mostraram que estão vivos e fazendo o melhor show de Metal do planeta na atualidade ! Ponto !!Daí deu tempo de dar um Rolê, e ver a ótima estrutura montada, e com o Lolla já bem lotado, ouvi de longe os Raimundos, que voltaram ao lugar que merecem no RockBr, já que tem público e hits de sobra.
Mais um momento histórico, onde até sons que nos 90’s foram bem executados nas “rádios rock” como Fell on Black Days e Black Hole Sun, tiveram ao vivo peso e performances arrasadoras! Long Live Soundgarden !!Ao sair do show, notei a vibe causada por Jake Bugg que tocou no mesmo horário, e fiquei com a certeza de que foi animal também, mas era uma das escolhas da noite… A outra era ver New Order ou Arcade Fire, e não hesitei em deixar de lado meus heróis dos 80’s, pois meu Feeling dizia que o show da noite era dos “canadenses”. Todo mundo fala em missa Indie, Catarse, Carnaval Indie e bobagens similares, mas o Arcade Fire garantiu o momento de maior musicalidade e inspiração de todo Lollapalloza 2014. Com momentos onde até 12 músicos compartilham o palco, a banda iniciou o show com Reflektor, Flashbulb Eyes, Neighborhood #3 (Power Out), Rebellion (Lies) e The Suburbs quase sem intervalos, já causando uma impressionante reação da audiência. Já em Ready to Start, No Cars Go, Haïti, Afterlife e It’s Never Over onde até Antônio Carlos Jobim apareceu, ficou claro que o Arcade Fire, não é Indie nada, pois a banda tem uma grandiosidade e relevância para a atualidade, que só encontra paralelo na invasão britânica do rock nos 60s. Trouxeram um caldeirão sonoro, onde o rock alternativo underground, a postura cênica, a interação com o público, os ritmos dançantes, e as pitadas de world music, mostraram a cara e deram sofisticação e complexidade sônica num nível que o pop nunca havia visto antes.
Pode parecer exagero, mas fiquei uns 3/4 dias pensando no significado do show,e saquei que de agora em diante, Indie é de novo o underground, a independência, enquanto bandas do calibre dos Black Keys, Arcade Fire, Arctic Monkeys, Phoenix e poucas outras, criaram algo novo, o pop Pós Indie, ou o Alt.Pop, sei lá … mas a verdade é que essa geração, mudou de vez a cara da música no século 21.Liderados pelo americano Win Butler e pela canadense Régine Chassagne, o grupo trouxe com grande qualidade a WordMusic para seu som, mas sem forçar a barra como Sting, David Byrne ou Paul Simon já fizeram, pois fazem esse Mix de forma consistente e principalmente autêntica, como a escolha do Steel Drum (instrumento caribenho) mostrou, já que com ele a percussão ganha vida, pois cada batida pode representar uma nota na escala musical, dando um timbre próprio e cheio de personalidade às novas canções. Ainda tinha o New Order, que fez os saudosistas nos 80’s dançarem até o fim do Domingão, mas confesso que após o Arcade Fire, perdí o interesse em ver o New Order, ainda mais sem Peter Hook no baixo.
Resumindo o Domingo, Johnny Marr, Savages e Soundgarden valeram a noite, enquanto o Arcade Fire, fez valer a pena estar vivo !!
Que venha o Lolla2015 !!