Redson do Cólera ao vivo

Redson montou em 1979 uma das primeiras bandas punk do Brasil junto com Helinho (Ex-Condutores de Cadáver), ecoando através do Cólera, toda revolta e existencialismo da periférica Vila Carolina. O grupo se estabeleceu como trio à partir de 1981 e adotou uma postura abertamente pacifista, antimilitarista e ambiental.

Participaram com destaque da coletânea “Grito Suburbano” e do festival “O Começo do Fim do Mundo” em 1982, consolidando o som e a presença da ideologia Punk no Brasil. Lançaram discos clássicos como “Tente mudar o amanhã” (1985), “Pela paz em todo mundo” (1986) e o EP “É Natal” (1987), quando se tornaram a primeira banda do gênero no país, a realizar um tour  pelo circuito alternativo e underground europeu, registrado no álbum “European Tour” (87) e no vídeo “20 minutos de Cólera”.

Entraram em 1989 com o ecológico “Verde, não Devaste” e de lá prá cá continuaram agitando o underground com a postura ética e ativista que sempre os caracterizou, sendo regravados por bandas como Plebe Rude e Inocentes, repetiram o tour europeu em 2008, e em 2009 tocaram no país todo no tour “30 anos sem parar”.

Redson foi um idealista, e sua luta pela Paz continua viva. Seu nome, som e postura íntegra são marcos do Rock Brazuca, pois de forma direta e reta, causou um impacto muito mais verdadeiro que todos roqueiros-pop-cansados de boutique de sua época.

VALEU PELA LUTA !! PELA PAZ EM TODO MUNDO, HOJE E SEMPRE

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2 Comments

  1. O ADEUS DA ÁGUIA FILHOTE

    “Às vezes tenho medo, às vezes sinto minhas mãos presas pelo ar…”

    Hoje não é um simples dia, hoje é um dia amargamente triste para todos aqueles que tiveram o prazer de conhecer o Edson Lopes Pozzi, seja por suas poesias, suas canções ou simplesmente por conhecê-lo.
    Conheci o Edson ainda nos anos 80, para ser mais preciso em 1987, graças ao álbum lançado um ano antes “PELA PAZ EM TODO MUNDO”. O conheci pelo nome em que a maioria das pessoas o conheceu e que o chamam (E eu ainda o chamo assim) REDSON.
    Em 1987 eu conhecia o REDSON músico, punk, agitador cultural, mas nunca tinha o visto pessoalmente, só podendo ver uma apresentação da banda Cólera em 1989, após 10 anos de exílio eu voltava para Barueri e vi que existiam mais pessoas que eram punks como eu era.
    Nos anos 90 tive o grande prazer de conhecer o Redson pessoalmente. O cara incrível que estava sempre de bom humor, sempre com mensagens positivas e com uma criatividade incrível, me lembro de que eu costumava dizer que ele era o Coelho Branco da Alice, com a cabeça a mim por hora e parindo ideias como se fosse um coelho de verdade.
    Com o passar dos anos, a amizade ficou mais forte e graças ao Marcos Vicente, a aproximação foi mais contínua e cada vez mais eu fui aprendendo. Quem foi seu professor? Como você faz tudo? Simples, meu professor cultural foi o Redson. Ele quem me mostrou que se eu gosto de um tipo de musica e não tem ninguém para tocar, eu poderia tocá-la. Não sei tocar um instrumento, eu posso aprender sozinho. Não tenho quem lance minhas obras, eu descubro o caminho e lanço por mim mesmo. A total essência do Do It Yourself estava em Redson Pozzi.
    Num dos períodos mais tristes de minha vida, ele me disse: “Quando eu digo que Forte e grande é você, serve para você também nesse momento. Tudo vai dar certo”. Me lembro que eu sempre o saudava dizendo: “A-há, Redson daquela banda lá… Como é o nome? Ira!? Raiva? Nervosismo? Ah não, é Cólera mesmo”. Redson sempre foi uma escola.
    Costumo dizer que toda banda punk tem um pouco de Cólera em seu DNA, afinal, qual banda é a maior expressão do punk nacional?
    Hoje em dia é tudo mais fácil, mas se voltarmos 30 anos no tempo, vemos que o primeiro álbum de bandas punks tinha Redson na organização, tinha Redson na participação. Vemos o primeiro festival punk do Brasil e mais uma vez tínhamos Redson na organização, Cólera participando. E a primeira banda a excursionar fora do país, fechar diversas datas e se aventurar por uma Europa em plenos anos 80? Redson e sua banda Cólera, lá estava ele, sempre acompanhado de seu irmão Pierre, um dos maiores baruerienses que conheci e com orgulho o chamo de conterrâneo.
    Hoje se fala muito em ecologia, paz, direitos humanos, sustentabilidade. Assuntos do momento, mas voltando no tempo, vemos o Redson já falar sobre isso, já educar sobre isso ainda nos anos 80.
    Dos momentos mais marcantes em minha vida, posso assegurar que entrevistar o Redson em 2008 para o Vinagre & Fel e produzir um álbum em 2004/2005 que continha a banda Cólera e era beneficente ao Projeto Esperança Animal foram as melhores coisas que consegui produzir em minha carreira.
    Hoje acordo com a triste notícia de que esse meu grande amigo, professor, ídolo, herói, inspirador e tantos adjetivos que passaria o dia escrevendo se foi. É triste e com imenso pesar que digo isso. Acabou uma grande parte da história da musica nacional, um capítulo se encerra e mesmo na minha tristeza e em minhas lágrimas, posso dizer que Redson deixou um grande legado. Quando ninguém sabia como fazer, ele foi lá e fez. Disse não a indústria musical, produziu seus discos, ensinou o Know-How e sempre foi humilde, a ponto de sair de casa de shorts e chinelo para comprar pão na padaria e conversar com todos os vizinhos. Tratar as pessoas como iguais e sempre estar disposto a ouvir qualquer que seja a pessoa.
    Então eu me pergunto, como o próprio Rogério se questionou: “Uma pessoa que não come carne vermelha, não bebe, não fuma e leva uma vida saudável, deveria morrer com 80 anos e não com 49”. Que vida é essa?
    Vá em paz, menino vermelho, águia filhote, pois como você dizia: “Se você quer estar, você já está lá” e nada mais justo para uma pessoa que lutou pela paz, gritou pela paz, pediu para que salvassem e deixassem a terra em paz, tenha o seu merecido descanse em paz.
    Aqui continuamos com seu legado e ainda acreditamos em sua frase “QUERO UM MUNDO MELHOR, SERÁ QUE ISSO GRITO É EM VÃO?” Claro que não é em vão.

    Renato Sirqueira (Jay Rocker) – Banda Agnósia

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