Três dias, o line up cheio de boas bandas gringas e brasileiras. Tinha tudo para ser um grande festival. Tinha…
Sem saber, lá fui eu para Itu conferir o Rage. Assistir a Zack de La Rocha em seu discurso anti-status quo e os riffs matadores da guitarra de Tom Morello é desejo de quase duas décadas.
Mutantes, Los Hermanos e Mars Volta eram bons aperitivos. O suicidal Mike Muir com seu Infectious Grooves tocaria muito cedo. Sair de São Paulo no sábado para ver show no interior em um feriadão prolongado exige paciência. Primeiro obstáculo: congestionamento na Castelo.
Depois de nos jogarem de um estacionamento para outro em plena rodovia, morremos com cinqüenta reais e uma espera de uma hora e meia por um ônibus, que nos levaria ao evento. Minha disposição adolescente por uma de minhas bandas favoritas aparece: “cara, tudo pelo Rage”.
O ônibus pega a estrada e demora mais de uma hora para o festival. Depois da pequena saga para chegarmos à inacessível Fazenda Maeda, a fome bate, em busca de carboidrato, escuto incrédulo: “acabou a ficha”, “como assim?”, “comida tem, não tem ficha”. Piada.
De estômago vazio, fui assistir aos Los Hermanos. O público fiel dos ‘barbas’ cantando em uníssono os hits me fez ignorar o som baixo e embolado que saía dos alto-falantes. A banda é sempre acompanhada por seu séquito de fãs por onde passam. Só faltou Ana Júlia, é só um chiste… discípulos dos Los Hermanos.
Finalmente, a ficha chegou e consigo uma pizza, o frio está de rachar. Passo por uma roda gigante repleta de patrocínio em busca de novos ares, chego à tenda de novas bandas. Sobrado 112 – o nome do melhor show da noite. O trumpetista/DJ ensandecido com uma camiseta do Miles pula de um lado para outro e o vocalista cool embalam a platéia com uma mistura de ska e rock.
A sirene toca como em um campo de concentração. Está na hora do Rage.
A paulada começa com Testify, Bombtrack e People of the Sun. Tudo tranqüilo: o vocalista Zack cita o MST, Morello concorda com seu bonezinho dos sem-terra. As rodinhas de pogo animam a galera. Acredito momentaneamente que no final tudo dará certo… O som cessa e um promotor do show empunha o microfone para pedir para a galera dar passinhos para trás já que o tumulto tomou conta perto do palco. Zack reforça o pedido. O show prossegue e o som continua baixo.
Em Township Rebellion, a música some durante alguns minutos. A banda não sabe e continua normalmente. Patético. A rima veio fácil para todos: “SWU, vá tomar no c…..”
Melhor ir embora, não estava a fim de esperar quatro horas para pegar o meu carro rumo a Sampa. No ônibus da volta, todos revoltados e abatidos com a falta de respeito e a desorganização.
Starts with You, Fischer
O slogan do festival SWU, Starts With You, devia ser direcionado ao idealizador do evento, o publicitário Eduardo Fischer. Cara-pálida, starts with you. O ‘gênio da propaganda’ botou na cabeça que era o Medina (idealizador do Rock in Rio) e ainda nos forçou goela abaixo um discurso fake sobre sustentabilidade.
Ao me deparar com sua cara de engomadinho ao receber os convivas em seu apartamento na Vila Nova Conceição, em comemoração ao sucesso do festival, na coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de São Paulo do dia das crianças (12 de outubro), foi a pitada final da grande brincadeira de mau gosto que foi o SWU.
SETLIST DO SHOW – RATM NO SWU
- Testify
- Bombtrack
- People Of The Sun
- Know Your Enemy
- Bulls On Parade
- Township Rebellion
- Bullet In The Head
- Calm Like A Bomb
- Guerrilla Radio
- Sleep Now In The Fire
- Wake Up
BIS
- Freedom
- Killing In The Name
Fernando do Valle Barbosa é jornalista, empresário, colaborador do blog Vishows e fã de primeira hora do RATM.